segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Deu no Jornal Nacional

Já foi dito nesse espaço que “sobreviver é cuidar do porvir” e que “um espaço público não pode ser construído apenas para uma geração e planejado somente para os que estão vivos”, mas, também, para os que virão. Pensar apenas no presente além de egoísmo é uma imensa burrice. Cuidar do porvir significa planejar o futuro no presente para que as gerações vindouras não paguem pelos erros daquelas que as precederam. Nesse sentido a política tem um importante papel. Cabe à política definir os rumos do futuro no presente. Uma boa política é aquela que pensa não apenas no imediato, mas, também, e, sobretudo, no futuro da coletividade. O que vem ocorrendo em Salvador é uma aberração sob qualquer perspectiva ou ponto de vista, seja político, social, econômico ou mesmo religioso.

No último sábado o Jornal Nacional noticiou a degradação da Lagoa do Abaeté, famosa em todo o país graças ao Dorival Caymmi. O desmatamento e a especulação imobiliária estão acabando com um dos pontos mais conhecidos de Salvador. Quem perde? Os moradores do em torno da Lagoa e a cidade como um todo, pois perde mais uma área verde, assim como um cartão postal que poderia, se preservado, atrair muito mais visitantes que, certamente, ajudariam a incrementar o turismo da cidade, gerando emprego e renda para muitos. A burrice pode não matar, mas que faz um grande estrago na vida de todos, ela faz. Leiam abaixo a matéria do Jornal Nacional.

Dunas ameaçam casas e Lagoa do Abaeté em Salvador: o motivo é o crescimento desordenado e sem planejamento de ruas e condomínios que crescem e invadem as dunas.

A Lagoa do Abaeté, um cartão postal de Salvador, está secando. Culpa do desmatamento e da ocupação desordenada, que ameaçam também quem mora na região. A famosa lagoa já encolheu 30% e o nível da água está quatro metros mais baixo. “A cada cinco anos a Lagoa do Abaeté desce um metro. A tendência é que no futuro essa lagoa belíssima, grande, se transforme em um poço pequeno”, explicou o ambientalista Lutero Miranda.

Os motivos da seca estão na vizinhança e são os mesmos que põem em risco as casas de pelo menos 5 mil moradores. Em uma área de preservação ambiental, ruas e condomínios crescem sem planejamento e invadem as dunas. Começaram a construir uma área de lazer e um caminho de acesso à praia. Para isso, derrubaram a vegetação que fixa areia. Resultado: solta, como em um deserto, a duna começou a se movimentar e agora ameaça engolir uma parte do bairro.

Com o vento, uma chuva constante de areia vai parar dentro das casas. Em um condomínio, a montanha de areia já passou da altura do muro e pode soterrar as garagens. “Havia uma quadra e um parque infantil onde as crianças brincavam, agora já não se vê mais”, contou o taxista Gilberto Costa.

Os próprios moradores reconhecem que foram imprudentes. “Nós mesmos que causamos esse prejuízo e agora estamos pagando pelo erro”, disse o presidente da Associação de Moradores, Marcos Alves. O engenheiro Leandro Amaral, especialista em meio ambiente, diz que a solução é replantar as áreas desmatadas nas dunas, e esperar muitos anos para que elas se recuperem. “A gente não sabe o prazo, mas se você comete alguma agressão à natureza, ela vai lhe cobrar”, declarou (por José Raimundo e Geraldo Maldonado para o JN).
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Imagem: Lagoa do Abaeté por Kalila Pinto

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