segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Sobreviver é cuidar do porvir

A despeito das críticas que possam ser feitas ao trabalho do oceanógrafo francês Jacques Cousteau (1910-1997), sua entrevista ao jornalista Nathan Gardels, reproduzida adiante, traz reflexões relevantes no que tange ao futuro da humanidade. A primeira diz respeito à idéia, já comentada na postagem do dia 19 de novembro de 2008, de que a política não pode existir se for orientada tão somente pela lógica do curto prazo, pois como nos lembra a Hannah Arendt “um espaço público não pode ser construído apenas para uma geração e planejado somente para os que estão vivos”. Ignorar o porvir, portanto, significa sacrificar o futuro, ou pior, preparar a chegada do fim. A segunda reflexão importante que a entrevista traz diz respeito à necessidade de repensarmos com urgência muitos valores em voga atualmente, como o individualismo exacerbado, o consumo predatório e a idéia de que as “regras” que regem o mercado são suficientes para garantir o bom funcionamento das sociedades e o bem-estar dos povos, conforme apregoam os ideólogos do neoliberalismo. Por falar nisso, onde eles estão nesse momento de turbulência nos mercados mundiais, cada vez mais dependentes da ajuda dos Estados? Ao menos a crise atual que vem assolando os mercados financeiros no mundo todo trouxe algo de positivo: o neoliberalismo, definitivamente, não é a solução para os problemas da humanidade. Como bem o disse o economista Eduardo Gianetti da Fonseca em entrevista ao Jornal Nacional do dia 06 de outubro de 2008, a crise atual “pode ser uma pausa para a reflexão e colocar certos valores nos seus devidos lugares. Colocar as finanças no centro da existência humana não é um bom caminho para a nossa realização, para a nossa felicidade” e para o futuro da humanidade e do planeta Por essa razão os homens públicos de Salvador e as elites locais precisam refrear seu egoísmo e parar de se preocupar apenas com o próprio umbigo. Caso contrário, o futuro desta cidade e de sua gente será terrível (por Sílvio Benevides).
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(Foto: Sílvio Benevides - Grafite pintado no muro da Estação Ferroviária de Periperi)

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