Quanto vale uma vida vivida com dignidade? Para alguns não vale nada. Para outros, quase nada. Para ser mais preciso apenas 10 centavos. É esse o tema abordado pelo curta-metragem 10 centavos, do diretor Cesar Fernando de Oliveira (ver abaixo o filme na íntegra). Ao retratar um dia na vida de um garoto soteropolitano, como tantos outros garotos soteropolitanos, morador do subúrbio ferroviário, que trabalha como guardador de automóveis no centro histórico de Salvador, o curta discute a situação da infância nas periferias das grandes cidades brasileiras.
Obrigado a buscar alternativas para sobreviver, o garoto do filme de Cesar Fernando passa seus dias entre o Pelourinho e o Carmo a trabalhar duro guardando e lavando carros. No final da jornada, ele consegue juntar alguns trocados que leva para a mãe. E como diria o Gonzaguinha, a pergunta roda e a cabeça agita: o trabalho em sociedades tão desiguais como a nossa dignifica mesmo o homem? Embora pertinente, esta questão é apenas sugerida no curta, não chegando a ser discutida. A criança do filme, como tantas crianças espalhadas pelo Brasil, buscar viver com dignidade, pois faz questão de honrar seus compromissos. Entretanto, ela vive uma situação de total desamparo. Desamparo familiar, desamparo educacional e desamparo social.
Ao que tudo indica, a mãe do garoto é mãe solteira, pois o filme faz referência somente a ela. Ela tem mais três filhos menores e, supõe-se, trabalha bastante para dar conta de sustentar as crianças. O menino mais velho, personagem central do filme, passa o dia inteiro fora de casa e ao retornar no último trem, encontra a família dormindo. Se a família não se faz presente como deveria, ao menos é o que parece ser, o que dizer da escola? Esta sequer é mencionada, talvez pelo fato de há muito já significar pouco ou nada na vida dessas crianças. A ausência da escola significa ausência do Estado, o que, por conseguinte, resulta em desamparo social. Dessa lógica perversa se originam inúmeras de nossas mazelas. Isso já é do conhecimento de todos, portanto, não vale dizer que não se sabia. Nosso país não pode se dar ao luxo de desperdiçar talentos. E é exatamente isso que se tem feito com inúmeras crianças e adolescentes brasileiros, como o menino do filme em questão. Quando é que o Brasil vai se voltar para questões que, de fato, interessam? (por Sílvio Benevides)
O filme 10 centavos faz parte do projeto Porta Curtas da Petrobrás. O Salvador na sola do pé exibirá constantemente alguns desses trabalhos com o objetivo de valorizar parte da nossa produção audiovisual que normalmente a maioria do público que gosta de cinema não tem acesso.
Obrigado a buscar alternativas para sobreviver, o garoto do filme de Cesar Fernando passa seus dias entre o Pelourinho e o Carmo a trabalhar duro guardando e lavando carros. No final da jornada, ele consegue juntar alguns trocados que leva para a mãe. E como diria o Gonzaguinha, a pergunta roda e a cabeça agita: o trabalho em sociedades tão desiguais como a nossa dignifica mesmo o homem? Embora pertinente, esta questão é apenas sugerida no curta, não chegando a ser discutida. A criança do filme, como tantas crianças espalhadas pelo Brasil, buscar viver com dignidade, pois faz questão de honrar seus compromissos. Entretanto, ela vive uma situação de total desamparo. Desamparo familiar, desamparo educacional e desamparo social.
Ao que tudo indica, a mãe do garoto é mãe solteira, pois o filme faz referência somente a ela. Ela tem mais três filhos menores e, supõe-se, trabalha bastante para dar conta de sustentar as crianças. O menino mais velho, personagem central do filme, passa o dia inteiro fora de casa e ao retornar no último trem, encontra a família dormindo. Se a família não se faz presente como deveria, ao menos é o que parece ser, o que dizer da escola? Esta sequer é mencionada, talvez pelo fato de há muito já significar pouco ou nada na vida dessas crianças. A ausência da escola significa ausência do Estado, o que, por conseguinte, resulta em desamparo social. Dessa lógica perversa se originam inúmeras de nossas mazelas. Isso já é do conhecimento de todos, portanto, não vale dizer que não se sabia. Nosso país não pode se dar ao luxo de desperdiçar talentos. E é exatamente isso que se tem feito com inúmeras crianças e adolescentes brasileiros, como o menino do filme em questão. Quando é que o Brasil vai se voltar para questões que, de fato, interessam? (por Sílvio Benevides)
O filme 10 centavos faz parte do projeto Porta Curtas da Petrobrás. O Salvador na sola do pé exibirá constantemente alguns desses trabalhos com o objetivo de valorizar parte da nossa produção audiovisual que normalmente a maioria do público que gosta de cinema não tem acesso.
Veja o filme
Ficha Técnica
Direção: Cesar Fernando de Oliveira
Elenco: Fernando Fulco, Frank Magalhães, Jorge Junior, Narcival Rubens, Paulo Prazeres, Stela Voutta
Produção: Cesar Fernando de Oliveira
Roteiro: Reinofy Duarte
Direção de Arte: Miniusina de Criação
Som: Richard Meyer
Direção de produção: Maira Cristina
Produção Executiva: Amadeu Alban
Direção de Fotografia: Matheus Rocha
Música: Richard Meyer, P.I. Tchaikovsky
Ano 2007
Duração 19 min
País Brasil
Local de Produção: BA
*
Imagem: Produção do filme
3 comentários:
Eu gostei desse curta. E adoro o Porta Curtas, sou fãzoca! Muito bom valorizar nossa produção que é de primeira.
Saudade das suas aulas, Silvio
muito boa a sua postagem,. Tambem tenho um blog. passa lá: laakaroline.blogspot.com
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