“Ontem de manhã quando acordei, olhei a vida e me espantei: eu tenho mais de vinte anos”. Pois é, o tempo passa. E como bem disseram a Suely Costa e o Vitor Martins na música imortalizada pela Elis Regina, o tempo passa e repassa, ad infinitum, na velocidade de um átimo de respiro, restando-nos, apenas, o espanto. Pois é, o tempo passa. E o que fazer com o que foi feito da vida? Celebrar? Recordar? Lamentar? E o que fazer com o tempo vindouro? Percorrer os caminhos já trilhados ou buscar novas trilhas para prosseguir? Sim, eu tenho mais de vinte anos e trago em mim, ainda, “mais de mil perguntas sem respostas”. Se as veredas que virão serão blue isso não sei. Só sei que os espelhos já não refletem a minha face de outrora. Por essa razão o Poema Falado desse mês apresenta o texto Retrato, da Cecília Meireles que diz: “Eu não tinha este rosto de hoje, / assim calmo, assim triste, assim magro, / nem estes olhos tão vazios, / nem o lábio amargo. // Eu não tinha estas mãos sem força, / tão paradas e frias e mortas; / eu não tinha este coração / que nem se mostra. // Eu não dei por esta mudança, / tão simples, tão certa, tão fácil: / Em que espelho ficou perdida a minha face?” Essas palavras são lindamente ditas no vídeo abaixo pelo inesquecível Paulo Autran e ilustradas por retratos de personalidades admiravelmente notáveis. Boa Leitura!
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Imagem: Not to be reproduced (1937), tela de René Magritte.
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