Segundo a historiografia oficial, aquela que interpreta a realidade a partir da perspectiva dos dominantes, o Brasil está a completar em 2010 cinco séculos e uma década de existência. Desde a chegada de Pedro Álvares Cabral, que aqui encontrou um porto seguro para atracar a sua nau Capitânia, até nossos dias, são 510 anos de história marcada por mandonismos e cordialidades brutas e banhada por sangue, suor e lágrimas de amargura. Mas a história de um povo, a história de nosso povo, não se resume aos atos de violência e abusos praticados pelos colonizadores contra os nativos, contra os negros, que para cá vieram como escravos, ou contra todo tipo de desvalidos e oprimidos. Nossa história é, também, a história de paixões, amores, delícias, desejos e prazeres de toda ordem. Prazeres trazidos pela aragem de todos os dias, pelo aconchego de corpos em chamas, pelo cheiro de maresia. E é sobre o prazer de ser e pertencer a esta terra toda chã com grandes arvoredos que o Salvador na sola do pé, por meio de poemas falados, irá tecer nestes breves dias de abril as fibras de um tecido chamado Brasil. Brasil por mim amado, não porque seja minha pátria, pois, como já escreveu o Mário de Andrade, “pátria é acaso de migrações e do pão-nosso onde Deus der”. Brasil mui amado porque “é o ritmo do meu braço aventuroso, o gosto dos meus descansos, o balanço das minhas cantigas, amores e danças”. Este é o Brasil que eu amo, este é o Brasil que eu sou, este é o Brasil que eu quero e que me dá muito orgulho. Orgulho de ser, simplesmente. E para dar início às celebrações desse orgulho, o Poema Falado Canção do Exílio (ver abaixo), escrito por Gonçalves Dias. Boa Leitura! (por Sílvio Benevides).
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Imagem: Nego Fugido, por Adenor Gondim.
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Imagem: Nego Fugido, por Adenor Gondim.
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