quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Pedindo os Reis

...uma noite dos Santos Reis, saíram estes (homens) com vários instrumentos pelas portas dos morados de uma vida, cantando para lhes darem os Reis, em prêmio dos que uns lhes davam dinheiro, e outros doces, e frutas, etc., e chegaram a uma casa, e começaram a cantar um tono, cuja letra dizia: “Guerra travada se ruge / Entre Florêncio e Floresta. / Acudi cá, minha Dama. / Que ferve a bulha na festa”. Andavam uns mancebos desenfadados (para não dizer vadios) em segmento dos músicos, e assim como os ouviram cantar com tal concerto, ou desconcerto. Começaram a apedrejá-los; e como os cantores vissem que lhes não podiam fazer resistência, usaram de corridas, e os que os haviam apedrejado lhes foram contando os passos, ou compassos, nas pausas tacitamente (por Nuno Marques Pereira, in: Compêndio narrativo do peregrino da América, 1939 – recolhido por Luís da Câmara Cascudo).

Imagem: Folia de Reis, por Paulo Rezende

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