segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Medo e insegurança em Salvador

Eu sempre acreditei que aprendemos com as experiências que vivenciamos, sejam quais forem. Entretanto, recentemente, descobri que existem algumas que não nos ensinam nada. Não aprendi nada com experiência que vou relatar. Estava eu, tranquilamente, aguardando minha vez na fila de um banco quando de repente só se escutavam gritos. Um barulho danado e surge na minha frente um homem trajando um macacão laranja, se passando por um trabalhador de obras públicas com uma pistola prata na mão e gritando: TODO MUNDO NO CHÃO! Ele olhava dentro do meu olho e mostrando sua cara. Não apresentava nenhum medo na ação. Apenas repetia: TODO MUNDO NO CHÃO! E NINGUÉM PEGA CELULAR OU LEVA BALA! Parecia cena em câmera lenta e ao mesmo tempo acelerada. Eu, já no chão, não via mais nada, apenas ouvia e sentia meu coração disparado e pensava: “será que sairemos bem”? Pessoas eram ameaçadas e agredidas. Os bandidos queriam o gerente, gritavam. Queriam o dinheiro do cofre e gritavam, gritavam...

Era um filme (REAL) que ninguém sabia o final. Pior, não vimos o começo, estávamos todos no meio do filme intitulado PESADELO. Tudo muito rápido. Muita agressividade. Medo, pânico, violência e o mais terrível, a incerteza de como aquilo terminaria. Talvez 10 minutos de terror que pareceram horas. Não acabava. O mais “incrível” é que eu rezei para a polícia não chegar, pois eu tinha apenas uma certeza no momento: se a polícia chegasse, de certo, ocorreria um tiroteio. Um instante... Fez-se silêncio. “Levantem, acabou”. “Vocês estão bem? Alguém machucado”?

Alguns funcionários agredidos e abalados, pessoas foram assaltadas, pessoas estavam nervosas, mas havia acabado e eu estou aqui contando, escrevendo, me livrando desse momento. Quero apenas poder dormir e acordar bem. A polícia chegou 30 minutos depois e os bandidos já tinham ido embora. Estávamos vivos! Quem perdeu dinheiro ficou para esclarecimentos à polícia e quem nada perdeu foi liberado. Livres, mas os bandidos estão livres também. Para que serviu essa experiência (experiência?!)? Qual a minha contribuição para mudar essa situação? O que fazer? INSEGURANÇA! TENHO MAIS MEDO! (por Gina Carla Reis)

Imagem: Medo, por Francis Leonardo Cirino.

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