“Oi, meu nome é Cristhiano Teixeira, tenho 15 anos e estudo na Escola Estadual Onofre Pires em Santo Angelo – RS. Comecei a estudar lá esse ano no primeiro ano do ensino médio, desde que comecei a estudar lá venho sofrendo bulling por quase toda a turma e inclusive por parte de alguns professores, quando perguntei a minha professora de geografia porque ela não fazia nada enquanto eu sofria agressões verbais ela disse “a aula é uma democracia”, eu venho sendo agredido desde que me assumi gay, alguns alunos estavam simulando sexo oral e anal em um ursinho de pelúcia e me chamando de viado, viadinho, gayzinho, chupa rola, pau no cú entre todas as ofensas posiveis, e hoje durante a aula de física um colega de classe veio me xingando e perguntando se eu queria apanhar porque era viado, e eu respondi: eu não tenho medo de você, e na saída ele disse “se você não tem medo de mim, vai levar facada pra aprender”, no final da aula eu falei pra minha professora pra ficar um tempo a mais durante a aula, ela nem fez conta, eu não levei a serio, e sai da escola normalmente fiz uma menção a ficar mais tempo pra ajudar a professora (mas ela me ignorou e fez que não ouviu), eu sofri bulling na outra escola que eu estudei pelo mesmo motivo CORAGEM DE DIZER QUEM SOU, na saída ele veio em minha direção e gritou VOCÊ NÃO TEM MEDO DE MIM! e fez que ia tirar uma faca do bolso e eu peguei uma lapis da minha mochila pra me defender (agora eu percebi que foi uma ideia idiota), ele deu uma rasteira e me derrubou no chão (era no asfalto) e quebrou meu lapis, depois ele me segurou e começou a me chutar e a me dar socos, metade da turma viu e ninguem fez nada, isso foi de dia a tarde e no centro, muita gente viu e saiu do comercio pra me ajudar e para separar a briga (não sei se fariam o mesmo se soubessem o que eu sou) a diretora estava chegando e ela viu eu apanhando e ela me ajudou (tem professoras que são legais, mas tem algumas que são maldosas) ela me acudiu e também outras professoras do turno da tarde (que não sabiam que eu era gay) viram e me ajudaram, e me levaram para delegacia para eu fazer B.O eu cheguei muito assustado e nem disse que eu sou gay (SEI QUE TALVES SE EU TIVESSE DITO NINGUEM TERIA DADO ATENÇÃO), cheguei lá chorando e humilhado, eu tenho medo que aconteça alguma coisa comigo, eu queria que alguém me ajudasse! antes que eu virasse mais nas estatísticas de LGBT mortos, as vezes eu sinto que ninguém gosta de mim e que a unica solução pra mim é me matar, POR FAVOR ALGUEM ME AJUDA”!
O depoimento acima, enviado para o presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, foi escrito por um jovem de 15 anos, constantemente agredido por seus colegas, assim como, pela omissão de seus professores, pelo simples fato de ter coragem e honradez de assumir quem de fato é, ou seja, homossexual. Enquanto o governo federal cede à pressão de parlamentares fundamentalistas religiosos e tantos outros insistem em dizer que homofobia não existe, ou, ainda, não passa de um exagero de militantes gays, inúmeros adolescentes brasileiros pensam em suicídio, ao passo que outros tantos são estupidamente assassinados, como foi o caso do Alexandre Ivo. Quantos mais precisarão morrer para que o Executivo e o Legislativo federais entendam que a homofobia, seja nas escolas ou nas ruas, é um mal que ameaça a sociedade brasileira e não apenas a população LGBTT? (por Silvio Benevides)
Imagem: Ricardo Lucchiari
Nenhum comentário:
Postar um comentário