Cinema é arte e como tal não é apenas entretenimento. Filme bom é aquele que, além de divertir, também emociona e, principalmente, nos faz refletir sobre um tema, uma situação ou, ainda, sobre a realidade que nos cerca. É exatamente esse o caso de O ARTISTA, dirigido pelo olhar sensível de Michel Hazanavicius e vencedor do Oscar de melhor filme no último domingo.
A história do filme tem início na década de 1920. O ator George Valentin (uma sutil alusão a Rodolfo Valentino, o maior e mais perfeito galã da história do cinema?), lindamente interpretado pelo francês Jean Dujardin, também vencedor do Oscar de melhor ator, é o grande astro dos filmes mudos de então. Aclamado tanto pelo público quanto pela crítica, Valentin desfruta de um retumbante sucesso. Mas, como já disse o Cazuza, o tempo não para e logo o som chega à indústria cinematográfica. A novidade tecnológica agradou em cheio ao público, que passa a preferir as películas sonorizadas às mudas. Os produtores, por sua vez, como todo bom capitalista que visa tão somente lucros exorbitantes, descartam sem cerimônia alguma o antigo, agora visto como obsoleto, e abraçam com entusiasmo a novidade. George Valentin, resistente às mudanças, passa, então, a conhecer o outro lado do sucesso, ou seja, a decadência, acompanhada de um estrondoso ostracismo. É o fim da carreira de um artista outrora adorado por todos e, agora, descartado como se lixo fosse.
A vida é dinâmica e todo o seu dinamismo nos obriga a adaptarmo-nos constantemente às novas demandas. Portanto, resistir às transformações impostas pela vida pode significar a morte em plena vida e essa, de certo, é a pior das mortes. Adaptar-se ao novo, porém, não implica descartar o passado, a tradição e a história sem a qual não seria possível o presente e muito menos o futuro. Tradição não é sinônimo de obsolescência. Provocar essa reflexão de maneira sensível e engraçada é justamente o que há de melhor em O ARTISTA, produzido em preto e branco e, também, mudo, só para mostrar que um filme para ser excelente não precisa de grandes aparatos tecnológicos. Bastam apenas um roteiro bem escrito, um diretor mais do que simplesmente competente, um produtor corajoso e criativo e atores verdadeiramente talentosos. Por tudo isso e muito mais, vale a pena ver e rever O ARTISTA, especialmente porque esse filme magnífico nos mostra que é preciso valorizar o ser humano, pois somos nós, os seres humanos, que fizemos, fazemos e sempre faremos toda a diferença (por Silvio Benevides).
Imagem: Pôster promocional
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