quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Dois de Fevereiro: dia de Iemanjá

Conta a tradição dos povos iorubás (atual Nigéria), que Iemanjá era a filha de Olokum, deus do mar. Em Ifé, tornou-se a esposa de Olofin-Odudua, com o qual teve dez filhos, todos orixás. De tanto amamentar seus filhos, os seios de Iemanjá tornaram-se imensos. Cansada da sua estadia em Ifé, Iemanjá fugiu na direção do “entardecer-da-terra”, como os iorubas designam o Oeste, chegando a Abeokutá. Iemanjá continuava muito bonita. Okerê propôs-lhe casamento. Ela aceitou com a condição que ele jamais ridicularizasse a imensidão dos seus seios. Um dia, Okerê voltou para casa bêbado. Tropeçou em Iemanjá, que lhe chamou de bêbado imprestável. Okerê então gritou: “Você, com esses peitos compridos e balançantes!” Ofendida, Iemanjá fugiu. Okerê colocou seus guerreiros em perseguição e Iemanjá, vendo-se cercada, lembrou que tinha recebido de Olokum uma garrafa, com a recomendação que só abrisse em caso de necessidade. Iemanjá tropeçou e esta quebrou-se, nascendo um rio de águas tumultuadas, que levaram Iemanjá em direção ao oceano, residência de Olokum. Okerê tentou impedir a fuga de sua mulher e se transformou numa colina. Iemanjá, vendo bloqueado seu caminho, chamou Xangô, o mais poderoso dos seus filhos, que lançou um raio sobre a colina Okerê, que abriu-se em duas, dando passagem para Iemanjá, que foi para o mar, ao encontro de Olokum. Iemanjá usa roupas cobertas de pérola, tem filhos no mundo inteiro e está em todo lugar onde chega o mar. Seus filhos fazem oferendas para acalmá-la e agradá-la. Iemanjá, Odô Iyá (rainha das águas), nunca mais voltou para a terra. Ainda existe, na Nigéria, uma colina dividida em duas, de nome Okerê, que dá passagem ao rio Ogun, que corre para o oceano (Fonte: Portal do Rio Vermelho).

Para homenagear a Rainha do Mar, o Salvador na sola do pé preparou um Poema Falado especial, intitulado Flor à Iemanjá, de Augusto Barros. Diz o poema: “Os meus pés não sentem mais o chão / Já não afundam como antes / Apenas sigo adiante ao fundo / Embalado pelo ritmo de sua canção // A melodia do azul das ondas / Quando se confunde com o bege / Gritando em brancas espumas / Faz com que eu, por hora, suma // E o maestro que rege / Esta orquestra dessincronizada / Já não habita aqui há tempos... / Tudo, então, como queiram os ventos // Nessa confusão de cores e sons / O mar invade cada vez mais o meu corpo / Por dentro e por fora... / E assim deixo // Deixo porque agora / Descobri que somente sendo / Inteiramente seu / Sou inteiramente meu” (In: Poesias do Augusto). Salve Iemanjá! Odô Iyá!




Imagem: Sereia brasileira, por Flaviana Fernandes

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