segunda-feira, 22 de junho de 2009

A palavra do Dalai Lama

Queridos amigos do mundo inteiro. Os eventos do nosso tempo pedem que cada pessoa interrompa seus afazeres, quaisquer que sejam, e medite profundamente sobre as maiores questões da vida. Procuramos, novamente, não só o significado da vida, mas também o propósito das experiências coletivas e individuais que temos criado. Honestamente, procuramos caminhos pelos quais possamos recriar os seres humanos que somos e pelos quais jamais voltemos a tratar um ao outro da forma como temos feito. Chegou a hora de demonstrar, ao nível mais elevado, o nosso pensamento mais extraordinário sobre QUEM REALMENTE SOMOS. Há duas respostas possíveis ao que tem acontecido atualmente. A primeira vem do AMOR, a segunda vem do MEDO. Se partirmos do medo, poderemos agir pelo pânico e fazer coisas, como indivíduos e como nação, que poderão produzir ainda mais estragos. Se partirmos do amor, encontraremos refúgio e força, quando o oferecermos aos outros. Este é o momento do seu ministério. Este é o tempo de ensinar. O que você ensinar agora, em cada palavra e ação, permanecerá indelével nos corações e nas mentes daqueles cujas vidas você toca, tanto agora como no futuro. Os rumos do amanhã são decididos hoje. Nesta hora, neste momento, busquemos não o principal culpado, mas a principal causa. A menos que aproveitemos este momento para olhar para a causa de nossa experiência, jamais sairemos da situação que ela cria. Em vez disso, iremos viver sempre com medo da vingança daqueles que, no seio da família humana, sentem-se aflitos e, por isso, agem por vingança!!! Para nós, pensadores, as razões são claras: Não aprendemos ainda a mais básica das lições humanas. Não nos recordamos da verdade humana mais básica. Não compreendemos a mais básica Sabedoria espiritual. Em suma, não temos ouvido a Deus, e, porque não O ouvimos, vemo-nos fazendo coisas impiedosas. A mensagem que ouvimos de todas as Fontes da Verdade são claras: SOMOS TODOS UM SÓ. Esta é a mensagem que a grande maioria da humanidade ignorou. O esquecimento desta Verdade é a única causa do ódio e da guerra, e, para nos relembrarmos disto, é simples: Ame, neste momento e no próximo. Se pudéssemos amar até aqueles que nos atacam e procurássemos entender as razões pelas quais se deixam levar a praticar tal gesto, qual seria então a nossa resposta? E, ainda, se reagíssemos à negatividade com negatividade, à raiva com raiva, ao ataque com ataque, qual seria o resultado? Estas são as questões para a raça humana hoje. São questões para as quais temos fracassado em dar respostas por milênios. Nossa incapacidade poderia eliminar a necessidade de dar respostas a essas questões indefinidamente. Se quisermos a beleza do mundo que ajudamos a criar para a experiência de nossos filhos e dos filhos de nossos filhos, temos de nos tornar ativistas espirituais aqui e agora, e fazer com que isto seja a causa dos fatos. Temos de ser a causa nessa questão. Portanto, fale com Deus hoje. Peça a Deus orientação e conselho, inspiração e força, paz interior e profunda Sabedoria. Peça a Deus no dia de hoje que nos mostre como deveremos nos manifestar para provocar uma mudança no mundo. Junte-se a todas as pessoas do planeta que estão orando agora, adicione sua luz à luz que dissipa todo o medo. Por favor, procure responder a esta questão hoje, com toda a sua magnificência. O que você pode fazer HOJE, neste exato momento??? O ensinamento central da maioria das tradições espirituais é: proporcione ao outro aquilo que você deseja para si mesmo. ALGUÉM ESTÁ ESPERANDO POR VOCÊ AGORA. ESTÁ ESPERANDO POR SUA DIREÇÃO, AJUDA, CORAGEM, FORÇA, COMPREENSÃO E CERTEZA NESTE MOMENTO. E, ACIMA DE TUDO, ESTÁ ESPERANDO POR SEU AMOR!!! Minha religião é simples!!! Minha religião é a BONDADE!!! (por Tenzin Giatso, o Dalai Lama)
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Imagem: JR Shot You

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Mídia e violência

Dados resultantes de pesquisas acadêmicas ou de levantamentos dos órgãos públicos, como as secretarias de segurança ou de organizações não-governamentais, têm indicado o vertiginoso crescimento dos índices de violência no Brasil e no restante do mundo. Diante desse fato, cabe o seguinte questionamento: o que a mídia tem a ver com isso?

O mundo está impregnado de violência nas mais variadas formas: a violência física, a violência do constrangimento moral, a violência do abuso do poder, etc. Embora a mídia cumpra seu papel de informar e esclarecer observa-se também essa mesma mídia como fonte instigadora de violência.
A televisão, por exemplo, denuncia quase diariamente casos de violência. Até aí nada de mais, afinal, isso faz parte do seu papel. Todavia, a própria programação televisiva é, em parte, responsável pelo crescimento da violência, sobretudo porque seus programas abordam a questão sem usar um critério que estimule a reflexão.

A violência tem sido sutilmente estimulada por conta da programação de baixo nível que vem sendo exibida na televisão, com o único intuito de aumentar o IBOPE. E nessa moda de ser sensacionalista, a onda de violência não escapa nem mesmo às emissoras que se dizem religiosas e que professam ser bom exemplo para as famílias cristãs. Temos entre essas a Rede Record que exibe ou exibiu diversos programas sensacionalistas, a exemplo do “A turma do gueto” e outros. Parece que a busca desmedida por audiência faz os programas explorarem cada vez mais a violência como principal atrativo. Chega-se ao cúmulo de se inventar conflitos pessoais, nos quais os envolvidos são estimulados a se confrontarem defronte as câmeras de TV, usando a violência verbal e até física como solução de seus problemas para, dessa maneira, aumentar os pontos no IBOPE, contribuindo, assim, para aumentar também o índice da violência na sociedade.

Se hoje somos obrigados a assistir guerra na TV como se estivéssemos diante de um videogame “irado”, fico pensando aonde vamos chegar após dez anos de exposição a esse tipo de programação. Afinal, qual é o papel da mídia? Será que é correto mostrar e escrever sobre violência sem usar critérios de informação? E qual o papel da sociedade diante da violência e do abuso de poder da mídia, que invade nossas casas, nossas vidas, obrigando-nos a degustar todas as formas de violência que nos são apresentadas nos meios de comunicação? A violência e a morte fazem parte da história humana desde os seus primórdios. Mas ultimamente esses temas vêm sendo tratados nos meios de comunicação e, principalmente, na programação televisiva dos canais abertos, com enorme banalidade. E é exatamente nesse ponto que está o maior e mais nocivo problema. É preciso refletir urgentemente sobre o que é mais importante: os pontos no IBOPE ou o bem-estar da sociedade (por Gina Carla Reis).
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Imagem retirada de sites de busca

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Tempo sagrado na minha Bahia

Santo Antônio, conhecido como o santo de Lisboa, por ter nela nascido, e também o santo de Pádua, por ter morrido nessa cidade italiana, é um dos santos mais populares e mais cultuados do Brasil. Batizado com o nome Fernando Martins de Bulhões, Santo Antônio torna-se franciscano por volta de 1220, ocasião em que muda seu nome de batismo. Aos 13 de junho de 1231 faleceu, sendo canonizado logo no ano seguinte. Durante os primeiros treze dias de junho ocorrem em todo o Brasil as trezenas de Santo Antônio, quando milhares de fiéis rezam e entoam cânticos em honra ao santo dos pobres. No Brasil Santo Antônio foi sincretizado com Ogum, Orixá do ferro, dos ferreiros e de todos aqueles que utilizam esse metal: agricultores, caçadores, açougueiros, barbeiros, marceneiros, carpinteiros, escultores. Foi padroeiro de Salvador até 1686, quando, por conta de uma epidemia de febre amarela que assolou a cidade, a população recorreu a São Francisco Xavier, que atendendo as preces dos fiéis foi elevado a patrono da cidade.
(por Sílvio Benevides)
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Imagem: Sílvio Benevides

Santo Antônio: Arauto de Cristo

O vídeo abaixo foi produzido especialmente para homenagear o glorioso Santo Antônio.
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Santo Antônio chega ao Brasil

Quis a Providência divina que o Brasil fosse descoberto por portugueses. Portugueses eram também os missionários e, por sinal, filhos de São Francisco de Assis, de modo que, desde os primórdios, colonos e índios estiveram em contato com a Ordem Franciscana, que se gloria de ser o Taumaturgo [quem opera milagres] um dos seus. Compreende-se que estes missionários propagavam a devoção a Santo Antônio, exaltando o seu poder de intercessão.

Os colonos, por sua vez, traziam na sua modesta bagagem a imagem do Grande Santo compatriota. Colocavam-na no seu tosco oratório e nas lidas pela existência, às vezes cruéis, levantavam as mãos ao Santo milagroso. Enterneciam-se diante da imagem os rudes desbravadores dos matos, os ousados bandeirantes.

Mal acabavam os colonos de fixar residência, juntando-se a outros em pequeno arraial, não tardavam em levantar uma ermida, uma capela em honra do Santo querido e com o tempo ela se transformava em matriz (V. Augusto Lima, A Capitania de Minas).

Quando, em 1745, se criou a diocese de Mariana, existiam nela 51 paróquias. Descontando as de Nossa Senhora (geralmente da Conceição) havia somente 17 de outros Santos, figurando Santo Antônio com 9, não tendo nenhum outro mais de uma.

Caso, porém, não se consagrasse a matriz a Santo Antônio, era obrigatório colocar a sua imagem no altar-mor ou num altar lateral próprio. Refere o cronista franciscano Frei Antônio de Santa Maria Jaboatão que não era raro haver mais de uma no mesmo altar e que nas casas particulares cada um queria para si o “seu” Santo Antônio.

No Rio de Janeiro, então, existia uma espécie de monopólio com relação ao Taumaturgo universal. Quando, em 1608, os franciscanos receberam da Câmara a segunda doação de terreno para fazer Convento, já funcionava uma confraria de Santo Antônio numa capela ao pé do morro. Pois convencionou-se que a confraria se suprimisse e que no futuro não houvesse na terra nem igreja, nem ermida, nem altar do Santo, senão no Convento a construir-se no morro. Era para dar maior incremento (raro, caro) ao culto. Daí vem que até os princípios do século XIX só havia uma igreja antoniana no Rio de Janeiro.

Não eram, entretanto, somente os lugares religiosos onde se tributava veneração ao Santo lisboense. Quiseram os nossos antepassados batizar com seu nome localidades, fazendas, fortalezas, rios, serras, botequins, lojas, boticas, açougues e até Agências do Correio. A respeito destas, soubemos que até há poucos anos existiam no Brasil 705 Agências denominadas de Santo Antônio, sobressaindo o Estado de Minas com 160. Freqüentemente leva o Santo um nome específico. Eis uma pequena, mas pitoresca relação: Santo Antônio da Roça Grande, do Ribeirão de Santa Bárbara, do Rio Acima, do Ouro Branco, da Casa Branca, da Balsa, da Vargem, do Monte, da Estiva, da Barra, da Casa de Sapê, da Casa de Telha, da Glória, da Alegria, e outras muitas.

A devoção do nosso povo a Santo Antônio não diminuiu através dos séculos. Dir-se-ia que cada vez mais aumenta, sinal dos tempos angustiosos que correm e obrigam a implorar a proteção do céu.

Damos em seguida uma breve relação de fatos atribuídos a Santo Antônio, que os nossos antepassados julgavam milagrosos. Colhemo-los em crônicas antigas, livros e manuscritos. É sempre interessante saber que tal ou tais fatos aconteceram na própria pátria.

1540 – Perto do Engenho de João Pais Barreto em Pernambuco, foi achada uma imagem de S. Antônio no alto de um morro. Fizeram-lhe uma capela. Outros moradores aí construíram casas; mas depois de acabadas desmoronaram. Tempos depois, uma devota fez no mesmo lugar uma casinha para estar mais perto no tratar da capela. Certa noite apa¬receu um vulto, lançando-a para fora. Dizia o povo: S. Antônio não quer vizinhos.

1595 – Tomando os franceses calvinistas a fortaleza de Arguim, na África, e destruindo tudo, conservaram a imagem de Santo Antônio. Colocaram-na num dos navios e diziam com ar de mofa: “Guia-nos, Antônio, guia-nos à Bahia!” Na travessia escarneceram com a imagem e cometeram muitos sacrilégios. Aconteceu, porém, a maior parte da tripulação morrer de doenças e todos os navios se dispersarem, menos aquele com a imagem, o qual chegou à costa do Brasil. Aí jogaram a imagem toda desfigurada na praia. Quando depois foram aprisionados e tiveram de andar a pé até à Bahia, encontraram a imagem em pé na areia, sem se descobrir vestígio de alguém ter por aí passado. A imagem foi recolhida à Bahia e Santo Antônio declarado Padroeiro da cidade. Ainda vive na Bahia a lembrança de “Santo Antônio de Arguim”.

1621 – No Convento do Rio, incumbiu-se um Irmão de fazer a imagem do santo Padroeiro, mas não acertava com a cabeça. Um belo dia ela apareceu na portaria, sem se saber donde tinha vindo. Esta imagem, com a cabeça separável, ainda existe num nicho na entrada do Convento.

1640 – Quando, em 1640, os ocupantes franceses e holandeses se aproximaram da ilha de Boipeba, ao sul da Bahia, nada tinham os moradores para se defender. Recorreram a Santo Antônio, orago da matriz, fecharam-na e foram observando a princípio o movimento do desembarque, daí a pouco viram o contrário. Ficaram livres sem atirar uma só flecha. Voltando à matriz encontraram a imagem de bruço diante de Jesus crucificado, como pedindo proteção. A ele, portanto, atribuíram o feliz desfecho.

1643 – Neste ano os holandeses ocuparam o reduto da “Casa Forte” de Pernambuco. Destruíram também a capela de Santo Antônio e caíram com golpes sobre a imagem. Como se ti¬vessem aberto chagas em carne viva, a imagem deitou sangue.

1645 – Na invasão holandesa foi ocupado também o Convento de Ipojuca. Expulsando os frades, transformaram o claustro em estrebaria. Ora, diversas vezes foi visto um Religioso, que, penetrando o claustro, com uma vara fustigava os cavalos e os enxotava para fora, em direção a Recife. Era Santo Antônio, que com sua atitude mostrava o que havia de acontecer em breve. O Convento realmente foi um dos primeiros a ser libertado quando começou a campanha da restauração.

1646 – Ia-se festejar a Santo Antônio em sua capela, quando, durante a noite, caiu o dossel de pano, colocando-se dobradinho aos pés da imagem. Tomaram isto como sinal do Santo que deviam arrumar as suas coisas e fugir. Fizeram-no e foi a salvação, porque na mesma noite o comandante holandês atacou com grandes forças toda aquela vizinhança. Achou somente casas abandonadas e não conseguiu prender o chefe da restauração Fernandes Vieira, a cujo encalço estava.


1650 – Em São Paulo ofereceram a Frei Gregório, esmoler, um boi bravo. Todos lhe tinham medo. Frei Gregório chamou-o em nome de Santo Antônio e o boi veio mansinho e acompanhou o frade ao pasto do Convento.

1708 – Na guerra chamada dos “Emboabas”, os paulistas eram sempre vencedores e não quiseram aceitar as condições que os portugueses ofereceram para se render. Estes então tentaram a última investida perto de São João del-Rei. Na muralha de seu fortim colocaram a imagem de Santo Antônio. Saindo na manhã do outro dia para dar combate aos paulistas, não encontraram a ninguém. Na imagem de Santo Antônio descobriram uma bala engastada no cordão.

1710 – Santo Antônio, cuja imagem esteve colocada na muralha do Convento, defendeu o Rio de Janeiro contra os franceses, o que lhe valeu a patente de Capitão de Infantaria.

1750 – Estando o grande missionário franciscano Frei Antônio do Extremo a andar a sós no interior de Mato Grosso, viu-se um dia cercado de uma vara de javalis. Na aflição recorreu a Santo Antônio, rezando o Responso. O efeito foi imediato. Um porco trincou-lhe a ponta da manga, deu uma dentada na caixa de rapé e foi-se e com ele todos os outros.

1750 – Num dos lados de uma ponte em Recife existia a imagem do Taumaturgo e uma caixinha de esmolas. Um dia foi violada por um soldado que se apossou de 480 réis. Querendo fugir, ficou imóvel, nem conseguiram fazê-lo andar os que depois passavam. Moveu-se, porém, recebendo ordem do Governador, que o mandou encarcerar e o remeteu para a ilha de Fernando de Noronha.

Nos seguintes Estados do Brasil, Santo Antônio tem patente de oficial do exército: Paraíba, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Minas, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás. Recebia antigamente também o soldo correspondente. Era uma esmola que entregavam geralmente aos Conventos Franciscanos para o culto do Santo, em agradecimento pela proteção que dispensava a suas armas.

Em 1754, o Senado da Câmara da Vila de Igaraçu (Pernambuco) pretendeu até fazer Santo Antônio vereador, com a propina de 27.000 réis. O rei não consentiu, mas autorizou que se desse ao Convento Franciscano da localidade a dita propina (por Frei Basílio Röwer).
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Referência: RÖWER, Basílio. Santo Antônio: vida, milagres, culto. Petrópolis: Vozes, 2001.
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Imagem: Sílvio Benevides

Dos escritos de Santo Antônio

“Já que a caridade é mais importante do que as outras virtudes, procuremos pôr em evidência alguns dos seus aspectos [...] O amor para com Deus e o amor para com o próximo são a mesma forma de amor, porque Deus é caridade, isto é, Amor. Este mandamento do amor, segundo o qual deves amar a Deus por ser quem ele é e de todo o coração e ao próximo como a ti mesmo, foi determinado por Deus e deves praticá-lo com a mesma intenção e pelo mesmo motivo pelo qual tens de amar a ti mesmo. Deves amar a ti mesmo dentro do bem e por causa de Deus; o mesmo deves fazer em relação ao teu próximo. E deves considerar como teu próximo todo e qualquer ser humano, porque não existe nenhum com o qual se possa proceder mal. o Como é que se deve amar a Deus? Assim: Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, isto é, com toda a inteligência; com toda a alma, isto é, com a tua vontade; com toda a mente, isto é, com a memória, de maneira que concentres todos os pensamentos, toda a vida, toda a inteligência naquele do qual recebes o que lhe ofereces. Com o que acabou de dizer, Jesus não deixou livre, então, nenhuma parcela da nossa vida: tudo o que nos vier à mente deve ser dirigido para onde corre o impulso do nosso amor. São João, na sua primeira carta sobre o amor a Deus e ao próximo, nos apresenta muitas reflexões e nos convida a praticá-lo, dizendo: ‘Nisto se tornou visível o amor de Deus entre nós: Deus enviou o seu Filho único a este mundo para dar-nos a vida por meio dele’ (1Jo 4,9). Como foi grande o amor do Pai para conosco! Ele enviou para nós, para nos favorecer, o seu Filho unigênito, para que, vivendo por meio dele, também o amássemos. Porque ‘quem não ama, permanece na morte’. Se Deus nos amou a tal ponto que nos deu seu Filho dileto, por meio do qual tudo criou, também nós devemos nos amar mutuamente. ‘Eu dou a vocês um mandamento novo: amem-se uns aos outros’ (Jo 13,34)”

(In: Sermones I, pp. 397-398).
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Imagem: José Costa

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A copa 2014 é nossa! E agora, Salvador?

Ontem a FIFA anunciou as doze cidades brasileiras que serão sedes dos jogos da Copa do Mundo de 2014. São elas: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Na terra do Senhor do Bonfim o anúncio foi comemorado no Pelourinho, com direito a show das bandas do Oludum e do Ilê Ayê; e também na partida entre Vitória e Grêmio pelo Campeonato Brasileiro no Barradão, com a participação da Ivete Sangalo e do Tatau, ex-Araketu. Depois da comemoração o que nos resta? Muito trabalho e algumas reflexões.

Como diz o Lucas Franco em seu blog Grande do Brasil nada mal para nosso ego saber que a cidade que gostamos atrairá os olhares de muita gente durante algum tempo. Bom também saber que ela ocupará para sempre um lugar na história do futebol internacional, principalmente se alguma partida aqui realizada passar “a ser rotulada de A batalha de Salvador”, tal qual “foram rotuladas de batalha de Berna em 1954 e batalha de Nuremberg em 2006”. Tudo isso é muito bom, mas é preciso considerar outras questões.

Salvador é uma cidade que tem graves problemas de infra-estrutura, desde saneamento básico até segurança pública, passando por transporte, saúde e preservação das ruas e avenidas. Sem falar na incompetência dos nossos dirigentes e na corrupção política e de toda ordem que se materializa na forma de obras superfaturadas que, por sua vez, geram atrasos exaustivos de cronograma como aqueles do metrô, motivo de chacota de toda espécie. São grandes as providências e os problemas. Estaremos preparados para enfrentá-los e superá-los? Um evento do porte da copa do mundo atrairá, sem dúvida, grandes investimentos e a cidade ganhará muito dinheiro com isso. Os recursos gerados com a festa se reverterão, de fato, em benefícios para a população da cidade? Ou acontecerá como o carnaval, uma festa que gera bastante recurso para Salvador, mas estes, na prática, pouco (ou nada) acrescentam para a melhoria da vida cotidiana de milhões de soteropolitanos. Que opção faremos: seremos vitrine ou vidraça? É o que pergunta o dossiê elaborado pelo Sinaenco – Sindicato Nacional da Arquitetura e Engenharia. De acordo com o Portal Copa 2014, “Os desafios começam em problemas triviais, como o abominável hábito nacional de despejar o lixo nas ruas, ou usá-las como sanitários púbicos, até o atraso nacional na área de estradas, aeroportos transportes públicos, energia, telecomunicações ou saneamento. Os problemas envolvem questões de educação, segurança, saúde e, especialmente, as dificuldades de algumas cidades para manter os futuros estádios e evitar que se transformem em elefantes brancos”. Os questionamentos e desafios estão postos. E agora, Salvador? (por Sílvio Benevides).