“Já que a caridade é mais importante do que as outras virtudes, procuremos pôr em evidência alguns dos seus aspectos [...] O amor para com Deus e o amor para com o próximo são a mesma forma de amor, porque Deus é caridade, isto é, Amor. Este mandamento do amor, segundo o qual deves amar a Deus por ser quem ele é e de todo o coração e ao próximo como a ti mesmo, foi determinado por Deus e deves praticá-lo com a mesma intenção e pelo mesmo motivo pelo qual tens de amar a ti mesmo. Deves amar a ti mesmo dentro do bem e por causa de Deus; o mesmo deves fazer em relação ao teu próximo. E deves considerar como teu próximo todo e qualquer ser humano, porque não existe nenhum com o qual se possa proceder mal. o Como é que se deve amar a Deus? Assim: Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, isto é, com toda a inteligência; com toda a alma, isto é, com a tua vontade; com toda a mente, isto é, com a memória, de maneira que concentres todos os pensamentos, toda a vida, toda a inteligência naquele do qual recebes o que lhe ofereces. Com o que acabou de dizer, Jesus não deixou livre, então, nenhuma parcela da nossa vida: tudo o que nos vier à mente deve ser dirigido para onde corre o impulso do nosso amor. São João, na sua primeira carta sobre o amor a Deus e ao próximo, nos apresenta muitas reflexões e nos convida a praticá-lo, dizendo: ‘Nisto se tornou visível o amor de Deus entre nós: Deus enviou o seu Filho único a este mundo para dar-nos a vida por meio dele’ (1Jo 4,9). Como foi grande o amor do Pai para conosco! Ele enviou para nós, para nos favorecer, o seu Filho unigênito, para que, vivendo por meio dele, também o amássemos. Porque ‘quem não ama, permanece na morte’. Se Deus nos amou a tal ponto que nos deu seu Filho dileto, por meio do qual tudo criou, também nós devemos nos amar mutuamente. ‘Eu dou a vocês um mandamento novo: amem-se uns aos outros’ (Jo 13,34)”
(In: Sermones I, pp. 397-398).
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Imagem: José Costa
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