quinta-feira, 2 de julho de 2009

Dois de Julho: uma cronologia

1808 – Chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil. O Brasil deixa de ser colônia e passa a ser Reino Unido a Portugal e Algarve, cuja sede da monarquia era o Rio de Janeiro.

1815 – Batalha de Waterloo. Derrocada do poderio napoleônico. A batalha decisiva entre o imperador francês Napoleão Bonaparte e as forças aliadas, sob o comando do Duque de Wellington, foi travada em 18 de junho de 1815. A luta aconteceu perto de Bruxelas, na Bélgica, na vila de Waterloo. Essa batalha provocou mudanças drásticas nas fronteiras políticas e no equilíbrio de poder na Europa. Derrotado, Napoleão é exilado na ilha de Santa Helena, onde morre em 1821.

1820 – Revolução Constitucionalista do Porto. O poder do Reino Unido deveria retornar para Lisboa e o Brasil voltar à condição de colônia. Segundo o historiador BRAZ DO AMARAL, “o governo absolutista do Rio não queria que o Reino Luso da América tivesse igualdade de condições com o Reino Luso da Europa e pretendia, aqui, restringir as liberdades, as franquias e os benefícios prometidos ao povo de lá”.

A administração joanina no Brasil complicou a situação econômica de Portugal, já cronicamente deteriorada por sua depêndencia em relação à Grã-Bretanha. A abertura dos portos (1808) retirara dos portugueses sua última fonte de renda segura. Por outro lado, a transferência da sede do governo para o Rio de Janeiro, com as conseqüentes medidas modernizadoras de D. João no Brasil , provocou a chamada Inversão Brasileira, na qual a antiga metropóle passava para segundo plano nos campos político, econômico e administrativo. Finalmente, os portugueses sentiam-se humilhados porque, após a expulsão dos invasores franceses, o país passara a ser administrado pelo general inglês Beresford. Esses fatores provocaram a Revolução Liberal do Porto (24 de agosto de 1820), cujos articuladores pretendiam, através da eliminação do absolutismo, forçar o retorno de governo português para Lisboa e anular a Inversão Brasileira, promovendo a recolonização do Brasil. Vitorioso o movimento, em dezembro de 1820, foram eleitos os deputados às Cortes de Lisboa (Assembléia Constituinte), que passaram a atuar como órgão governativo do Reino-Unido; provisoriamente, adotou-se a Constituição que a Espanha havia elaborado recentemente. No Brasil, a aristocracia rural (acreditando nos propósitos liberais das Cortes) uniu-se aos comerciantes de origem portuguesa para mobilizar o povo e exigir de D. João VI e do príncipe-herdeiro D. Pedro o juramento prévio da Constituição e o acatamento às decisões das Cortes. As províncias passaram a ser administrativas por Juntas Governamentais Provisórias, geralmente com predomínio de elementos brasileiros.

1821 – Revolta do Forte São Pedro (10/02/1821). Toma posse como Comandante das Armas da Bahia, o Oficial do Regimento da Artilharia do Forte de São Pedro, Coronel MANOEL PEDRO DE FREITAS GUIMARÃES. Ele fortalece as tropas nacionais (brasileiras) em salvador, atiçando a desconfiança dos comerciantes portugueses, que passam a exigir sua substituição.

1821 – Retorno de D. João VI a Portugal. Em 25 de abril de 1821, cedendo à pressão da Assembléia Constituinte portuguesa, D. João regressou a Lisboa, levando consigo o Tesouro português (1º assalto sofrido pelo Banco do Brasil). D. Pedro permaneceu no Brasil como regente do Reino do Brasil, o que constituía um empecilho à recolonização.

1822 – Dia do Fico (09-01-1822)

1822 – Expulsão da Divisão Auxiliadora no Rio de Janeiro (14-02-1822)

1822 – O General Madeira de Melo chega a Salvador (11-02-1822) no navio DANÚBIO para substituir o Cel. Manoel Pedro.

1822 – Na tentativa de impedir sua destituição do cargo, tropas fiéis a Manoel Pedro enfrentam no dia 19-02-1822 as tropas de Madeira de Melo. Estas vencem o embate e tomam em definitivo a cidade. Dentre os excessos cometidos pelas tropas de Madeira de Melo está a morte da sóror Joana Angélica. A abadessa sóror Joana Angélica, de 60 anos de idade, se transformou num símbolo da resistência dos brasileiros na luta contra o inimigo português. Ela foi morta pelos oficiais de Madeira de Melo no momento em que resistia à invasão do Convento da Lapa, hoje um dos prédios da Universidade Católica de Salvador. Um grupo de soldados portugueses investiu contra o convento alegando que havia soldados brasileiros escondidos no prédio. Golpeado, o portão do convento se quebrou. “Para trás, bárbaros! Respeitai a casa de Deus!”, disse Joana Angélica. “Ninguém entrará no convento, a menos que passe por cima de meu cadáver”, disse. Nesse instante, uma baioneta atravessou o peito da religiosa e, Joana Angélica caiu morta.

A partir da posse da cidade, começou o êxodo para o interior. Primeiro de soldados, depois das famílias. Salvador era o centro político, o empório, a urbe dos ricos comerciantes lusitanos. No interior, no Recôncavo, estava a riqueza, a comida, o braço trabalhador. A Bahia era uma terra de cerca de 400 mil almas. Em Salvador viviam em torno de 100 mil (Sérgio Roberto Morgado. In: Revista da Bahia, n.36, dez.2002).

1822 – Procissão de São José. Durante a procissão de São José em 19-03-1822, portugueses que dela participavam são apedrejados. A reação de Madeira de Melo é violenta.

1822 – Tomando ciência da repressão do Gal. Madeira de Melo contra os citadinos de Salvador por ocasião da procissão de São José, D. Pedro I, em 17-06-1822, o intima a deixar o Brasil, conclamando o povo baiano a reagir à sua tirania. Esta proclamação encontra eco no Recôncavo Baiano.

1822 – A cidade de Santo Amaro da Purificação, aos 24-06-1822, organiza milícias para libertar a Bahia do jugo português. As vilas de CACHOEIRA e SÃO FELIX aderem ao movimento. Na Igreja Matriz em Cachoeira é celebrada uma missa de ação de graça à aclamação (ATO DE ADESÃO a Santo Amaro, lavrado pela Câmara de Cachoeira). Após a missa, a cidade é bombardeada por uma escuna portuguesa aportada no rio Paraguaçu.

1822 – A população de Cachoeira e São Félix ataca, em 28-06-1822, a escuna portuguesa com pequenas canoas. Aprisiona a guarnição e o seu comandante. Desta maneira têm início as lutas pela independência – o DOIS DE JULHO.

De uma nota enviada pela Junta de Cachoeira ao Príncipe Regente, gostaria de destacar dois trechos. No primeiro, afirma que “o leal e brioso povo do distrito de Cachoeira acaba de proclamar e reconhecer Vossa Alteza Real como Regente Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil”. Nota-se aí, ainda, o respeito a D.João VI, e, pela primeira vez, a outorga do título de Defensor Perpétuo do Brasil. O outro trecho proclama que”Altamente penetrado da mais viva gratidão para com Vossa Alteza Real, este brioso povo almejava por repetir o grito regenerador dos mais felizes fluminenses, paulistas, mineiros, continentistas e pernambucanos; almejava para apagar a feia nódoa do cisma que a seu bel prazer, sete homens levantaram entre esta e as mais províncias brasileiras”. Essa afirmação caracterizava, antes de tudo, o sentimento de união, a noção de brasilidade que, mesmo no interior, já predominava na nossa gente. Não havia hostilidade ao luso, do qual muitos descendiam, mas não se abria mão da Nação, que trezentos anos de luta e labor já tinham forjado no coração dos brasileiros. Essa crença é que os animou e sustentou todas as vicissitudes, que a partir daí iriam passar, para preservar a integridade e o direito de se constituírem em uma sociedade livre e soberana (Sérgio Roberto Morgado. In: Revista da Bahia, n.36, dez.2002).

1822 – É proclamada a Independência do Brasil em 07-09-1822 por D.Pedro I.

1823 – As tropas portuguesas são expulsas da Bahia em 02-07-1823, após a derrota do Gal. Madeira de Melo na Batalha de Pirajá.
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Imagem: Sílvio Benevides

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