A nota abaixo foi publicada na revista Exame (Edição 942 – 15/05/2009). Qualquer semelhança será mera coincidência?
As locomotivas viraram sucata – Este é mais um dos exemplos gritantes de desperdício de dinheiro público. Estão encaixotadas num depósito da antiga Rede Ferroviária Federal, em Campinas, 68 locomotivas importadas da França em 1976. É isso mesmo: há mais de 30 anos, esses trens foram comprados e nunca foram montados. Eles faziam parte do Plano de Eletrificação da Fepasa, ferrovia paulista que depois foi incorporada à rede nacional. Na época, a crise do petróleo impulsionou a busca de energias alternativas para a movimentação de cargas. E, com o baixo custo da energia elétrica nos anos 1970, surgiu a ideia de eletrificar o trecho ferroviário que ligava Ribeirão Preto, Campinas e Santos. O plano não saiu do papel, mas o dinheiro para implantá-lo sim. Foram gastos 500 milhões de dólares na aquisição das locomotivas e da infraestrutura das subestações elétricas. Hoje, mais de três décadas após o malfadado plano, as máquinas praticamente viraram sucata. As 68 locomotivas são parte do inventário da Rede Ferroviária Federal — extinta após a privatização — e serão transferidas para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte. O órgão será responsável por dar destino às máquinas francesas — provavelmente um ferro-velho (por Fabiane Stefano).
As locomotivas viraram sucata – Este é mais um dos exemplos gritantes de desperdício de dinheiro público. Estão encaixotadas num depósito da antiga Rede Ferroviária Federal, em Campinas, 68 locomotivas importadas da França em 1976. É isso mesmo: há mais de 30 anos, esses trens foram comprados e nunca foram montados. Eles faziam parte do Plano de Eletrificação da Fepasa, ferrovia paulista que depois foi incorporada à rede nacional. Na época, a crise do petróleo impulsionou a busca de energias alternativas para a movimentação de cargas. E, com o baixo custo da energia elétrica nos anos 1970, surgiu a ideia de eletrificar o trecho ferroviário que ligava Ribeirão Preto, Campinas e Santos. O plano não saiu do papel, mas o dinheiro para implantá-lo sim. Foram gastos 500 milhões de dólares na aquisição das locomotivas e da infraestrutura das subestações elétricas. Hoje, mais de três décadas após o malfadado plano, as máquinas praticamente viraram sucata. As 68 locomotivas são parte do inventário da Rede Ferroviária Federal — extinta após a privatização — e serão transferidas para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte. O órgão será responsável por dar destino às máquinas francesas — provavelmente um ferro-velho (por Fabiane Stefano).
Não sei não, mas penso que o famoso metrô de Salvador está a percorrer esses mesmos trilhos. Tudo nos leva a crer nessa premissa. Obras constantemente embargadas e paralisadas por suspeita de superfaturamento e irregularidades no repasse de verbas; trabalhos que se arrastam ad infinitum sem nenhuma perspectiva de conclusão e se forem concluídos não terão cumprido sequer a metade do que foi inicialmente planejado, previsto, orçado e prometido. Enquanto isso os trens já aportaram na cidade e estão em algum galpão a caminho de virarem sucata. Como já disse o Caetano Veloso, já citado em outro post sobre o mesmo tema, “aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína”. Mas tudo bem! Estamos em Salvador e como todos sabem Salvador é uma festa! Uma cidade única com uma única alegria! Que beleza, que maravilha! Quer andar de trem “véio”, amor? Então venha! (por Sílvio Benevides)
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Foto: Aristeu Chagas/AGECOM
Um comentário:
O metrô de Salvador está prestes a entrar para a 'eternidade', assim como vem sendo a catedral Sagrada Família, em Barcelona: desde 1882 em construção, os planos são para a conclusão em 2025, uma 'pena, pois assim perderá o rumo do infinito', até hoje logicamente nunca alcançado, embora quem mais chegou perto fora a catedral Duomo, em Milão: mais de 500 anos construindo (o que nossa cidade tem de idade essa catedral tem de trabalho e corrupção, de 1386 a 1887).
Por trás da maioria das obras demoradas há quem tanto enriqueça, e por trás de nossas denúncias infelizmente não há provas, embora nossa desconfiança desja o suficiente para nos indignarmos com tamanha demora e custo para um metrô que vai ligar o nada ao além, que será preciso de, após completo, atualiza-lo (afinal, ele ja nascerá desatualizado) e pior que tudo: que nos tira a credibilidade de sonhar com novos projetos, tamanha nossa descrença que, a cada obra, se vão anos e milhões para o 'espaço'.
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