As inovações tecnológicas sempre foram responsáveis por provocar mudanças significativas na história da humanidade. É assim desde os tempos da pedra lascada. O domínio de técnicas e o emprego de tecnologias permitiram, por exemplo, que o ser humano deixasse as cavernas e passasse a construir suas habitações; abandonasse o nomadismo e abraçasse a agricultura; tornasse o trabalho menos exaustivo e encurtasse distâncias entre os diferentes lugares por meio, entre tantas outras coisas, da invenção da roda. Tais informações não deveriam ser novidade para ninguém que tenha ido além do ensino básico. Por isso me espanta a cobertura sobre a morte do fundador da Apple, o tal Steve Jobs. Longe de mim querer negar a inteligência, a genialidade, a competência e a importância do falecido na história das comunicações, mas daí a dizer que ele foi um revolucionário, que transformou o mundo, que inventou a contemporaneidade, que a história da humanidade se divide em antes e depois dele é mais que um exagero. É uma estupidez sem tamanho.
Em quase todas as notícias e matérias da internet, da televisão e da mídia impressa, o Steve Jobs tem sido descrito como a pedra filosofal da humanidade. O que teria sido desse punhado de gente sem o magnífico Sr. Jobs? Nada. Talvez a humanidade sequer existisse. Causa-me espanto ver como de uma hora para outra um capitalista que, como qualquer outro grande capitalista, especialmente os de alcance mundial, visava tão somente o lucro e, provavelmente, por conta disso, seu caráter não devia se pautar por coisas supérfluas como escrúpulos de qualquer natureza ou ética, passou a ser classificado como o grande revolucionário dos últimos séculos.
Sei bem que uma revolução depende muito do ponto de vista ou das referências de cada um. Por isso compreendo o exagero estúpido das coberturas jornalísticas em torno da morte do magnata fundador da Apple. Mas, como disse, as referências de cada um é que fazem deste ou daquele fato uma revolução. Pois bem, para mim revolução significa o fim de todo e qualquer tipo de opressão, seja essa política, econômica, religiosa, cultural ou sexual. Revolução é distribuição de renda. Revolução é acabar com o tráfico de drogas, de armas e de seres humanos. Revolução é transformar o atual estágio das coisas que fazem com que a grande maioria da população mundial pague pelos erros, ganância ou incompetência de alguns poucos que nunca são punidos. Pelo contrário, são sempre premiados, seja nos tempos de calmaria ou de crise. Revolução é transformar um modo de produção que valoriza o mercado em detrimento de seres humanos. Revolução é acabar com a miséria. Revolução não é multiplicar iPads, iPhones, iPods. Revolução é não permitir que seres humanos morram porque não têm acesso ao básico, isto é, COMIDA. Eu bem sei, também, que, parafraseando os Titãs, a gente não quer só comida. A gente quer, a gente precisa de comida, educação, diversão e arte. Mas sem comida, senhoras e senhores, não podemos ter educação, diversão e arte. Por isso, senhoras e senhores, só me venham falar de revolução quando a comida puder ser acessada por todos, sem exceção (por Sílvio Benevides).
Imagens: Alecrim e Daniel Adel (The New York Times).
Em quase todas as notícias e matérias da internet, da televisão e da mídia impressa, o Steve Jobs tem sido descrito como a pedra filosofal da humanidade. O que teria sido desse punhado de gente sem o magnífico Sr. Jobs? Nada. Talvez a humanidade sequer existisse. Causa-me espanto ver como de uma hora para outra um capitalista que, como qualquer outro grande capitalista, especialmente os de alcance mundial, visava tão somente o lucro e, provavelmente, por conta disso, seu caráter não devia se pautar por coisas supérfluas como escrúpulos de qualquer natureza ou ética, passou a ser classificado como o grande revolucionário dos últimos séculos.
Sei bem que uma revolução depende muito do ponto de vista ou das referências de cada um. Por isso compreendo o exagero estúpido das coberturas jornalísticas em torno da morte do magnata fundador da Apple. Mas, como disse, as referências de cada um é que fazem deste ou daquele fato uma revolução. Pois bem, para mim revolução significa o fim de todo e qualquer tipo de opressão, seja essa política, econômica, religiosa, cultural ou sexual. Revolução é distribuição de renda. Revolução é acabar com o tráfico de drogas, de armas e de seres humanos. Revolução é transformar o atual estágio das coisas que fazem com que a grande maioria da população mundial pague pelos erros, ganância ou incompetência de alguns poucos que nunca são punidos. Pelo contrário, são sempre premiados, seja nos tempos de calmaria ou de crise. Revolução é transformar um modo de produção que valoriza o mercado em detrimento de seres humanos. Revolução é acabar com a miséria. Revolução não é multiplicar iPads, iPhones, iPods. Revolução é não permitir que seres humanos morram porque não têm acesso ao básico, isto é, COMIDA. Eu bem sei, também, que, parafraseando os Titãs, a gente não quer só comida. A gente quer, a gente precisa de comida, educação, diversão e arte. Mas sem comida, senhoras e senhores, não podemos ter educação, diversão e arte. Por isso, senhoras e senhores, só me venham falar de revolução quando a comida puder ser acessada por todos, sem exceção (por Sílvio Benevides).
Imagens: Alecrim e Daniel Adel (The New York Times).
3 comentários:
parabéns pelo texto. Embora eu não possua nenhum dos equipamentos criados pela Apple, não tenho como negar a importâcia de Jobs ao atual contexto social. A revolução feita por ele não deve ser levada ao pé da letra. Posso até concordar com você que ele não foi um revolucionário, mas sim, um visionarário. Jobs usou a genialidade e capacidade que teve para causar transformações na forma como nos comunicamos e nos relacionamos com as tecnologias. Dá pra pensar no mundo hoje sem um computador pessoal? Acredito que não! Dar funcionalidade a equipamentos antes restritos as grandes empresas é no mínimo louvável. Descomplicar o uso dessa e de outras ferramentas também. Jobs mostrou que não é preciso ser um gênio para operar um computador, inovou em suas criações com o desejo único de que elas apenas funcionassem.
Olá, Lucas!!! Przer tê-lo por aqui!! Concordo plenamente com você. Não há como negar a importância desse cara para o contexto atual. Meu desabafo não foi dirigido a ele, embora o nome dele esteja em primeiro plano. Meu desabafo foi contra a cobertura jornalística feita sobre a... morte dele e a sua biografia. Uma cobertura exageradamente estúpida e sem nenhum discernimento. Até mesmo a genialidade dele pode ser questionada, sob determinado aspecto, afinal, como você colocou, ele descomplicou o que já existia, disseminou um conhecimento antes restrito a poucos. Com isso não quero negar a competência e a inteligência dele, mas, como já disse o Napoleão Bonaparte, ninguém é um grande homem sozinho e olhe que o Napoleão era um déspota. Valeu o comentário e a presença!!!
Bom dia, Silvio!!
Nada como trocar ideia, não é?
Meu grande amigo Silvio...já te falei como admiro você e todo seu trabalho a favor do conhecimento e do esclarecimento? Que bom que existe pessoas como você no mundo. E o melhor é que sou sua amiga “ mais que intima”(agora todos saberão do nosso relacionamento).
Adorei seu desabafo meu amigo e quero dizer que também estava com isso preso na garganta.Fico feliz que você o tenha feito. Assim sinto-me representada nesse DESABAFO.
Tinha comentado com meus amigos: - porque tanta atenção voltada para MORTE de uma pessoa que como muitas outras foi mais um contribuinte para o desenvolvimento da ciência? Será que JOBS foi a única pessoa a contribuir com a ciência e o desenvolvimento? Claro que podemos falar qual foi sua importância e comentar sua descoberta. Mas tornar ele a única coisa que temos.
EXAGERO = LUCRO.
Que mídia é essa? O que desejam com isso? Não podemos dizer que é falta do que apresentar porque noticias do Brasil é o que não é, certo? E têm Boas Noticias aqui no Brasil, têm muitos estudos, muitas descobertas das ciências e tecnologia.
Mas porque e pra quem noticias do Brasil se a própria mídia considera os E.U.A mais importante, não é mesmo?
Lembro que até chegar 11 de Setembro de 2011 cada dia tínhamos uma informação a respeito da comemoração dos 10 anos das TORRES .Comemorar o que mesmo? Homenagear a quem mesmo? Fazer Luto e lembrar dos bombeiros e das pessoas perdidas, ok. Mas no dia isso foi demais....EXAGERO TOTAL.....AS TORRES GÊMEAS DO WORLD TRADE CENTER FOI O TEMA DO DIA NA MÍDIA DO BRASIL E DO MUNDO.
Vamos lembrar um pouco da história mundial e saber se a mídia fala ou comenta de datas comemorativas para o FIM da Primeira Guerra, o FIM da Segunda Guerra, o FIM do Nazismo...E a mídia algum momento lembrou da data ou incentivou o luto ou a criação de um memorial para o que aconteceu com Hiroshima e Nagasaki? A mídia lembra quem foi Darwin, Thomas Edison, Newton, Mahatma Gandhi? Ah, sim talvez uma notinha de final de edição um dia ou outro...será?
Então vamos parar e pensar porque a mídia não dar tanto Ibope e causa tamanho exagero para determinadas questões e que são até mais importantes? Qual a importância de determinados exageros na mídia? Qual o objetivo?
Infelizmente algumas pessoas esquecem que podem pensar, criticar, desabafar...essas pessoas continuam pagando e aceitando coisas que não acrescenta nada além de encher os bolsos de quem transmite e produzir a notícia vendida.
Meu comentário virou desabafo, virou quase post, mas não é um exagero.
Bjs, meu amigo.
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