
Para marcar esse dia, um dos meus poemas prediletos, O HOMEM, AS VIAGENS, que diz: “O homem, bicho da Terra tão pequeno, chateia-se na Terra, lugar de muita miséria e pouca diversão. Faz um foguete, uma cápsula, um módulo, toca para a Lua, desce cauteloso na Lua, pisa na Lua, planta bandeirola na Lua, experimenta a Lua, coloniza a Lua, civiliza a Lua, humaniza a Lua. Lua humanizada: tão igual à Terra. O homem chateia-se na Lua. Vamos para Marte! Ordena a suas máquinas. Elas obedecem. O homem desce em Marte, pisa em Marte, experimenta, coloniza, civiliza, humaniza Marte com engenho e arte. Marte humanizado, que lugar quadrado. Vamos a outra parte? Claro! Diz o engenho sofisticado e dócil. Vamos a Vênus. O homem põe o pé em Vênus, vê o visto – é isto? Idem, idem, idem...O homem funde a cuca se não for a Júpiter proclamar justiça junto com injustiça, repetir a fossa, repetir o inquieto repetitório. Outros planetas restam para outras colônias. O espaço todo vira Terra-a-Terra. O homem chega ao Sol ou dá uma volta só pra te ver? Não vê que ele inventa roupa insiderável de viver no Sol. Põe o pé e: mas que chato é o Sol, falso touro espanhol domado. Restam outros sistemas fora do solar a colonizar. Ao acabarem todos só resta ao homem (estará equipado?) a dificílima dangerosíssima viagem de si a si mesmo: pôr o pé no chão do seu coração, experimentar, colonizar, humanizar o homem, descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas a perene, insuspeitada alegria de conviver”. Na voz do próprio Drummond, ao som de Bach, interpretado pelo Yo Yo Ma, o meu Poema Falado preferido. Boa áudio-leitura! (por Silvio Benevides).
Imagem: Agência Estado
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