segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Mit Freuden

Se a vida não é apenas prazer e alegria, ela também não é somente dor e tristeza. Na vida encontra-se de tudo. Como talvez dissesse o “cantor dos concretos absolutos”, o poeta Walt Whitman, é doloroso viver excessivamente, embora ao mesmo tempo satisfaça. Satisfação e dor, eis como a vida se resume. Se é assim, que assim seja! O que fazer, então? Viver. Nada além disso. Se a dor é algo inevitável, não façamos dela um pesado fardo, uma espécie de calvário, eterno martírio. Calvários são para os deuses, esses seres de substância etérea. Aos humanos, tudo o que acontece pode resultar em maravilhosos resultados, como foi bem dito pela “concubina fogosa do universo disperso”. Para perceber o quão graciosa é a essência da vida, basta abrir os olhos e fitar o céu, a lua, as estrelas, as árvores, os pássaros, a relva e tudo mais que o sol ilumina. A graça da vida não incide na ausência da dor. Vida sem dor é o mesmo que morte. Somente aqueles que já morreram estão imunes à dor. A graça da vida consiste em saber vivê-la como se cada instante fosse o porvir de uma estação. “Assistimos às estações que se doam e passam, e temos dito: por que não deveria um homem ou uma mulher fazer tal qual as estações, transbordando o mesmo tanto de si mesmos?” Für ein Freund (por Sílvio Benevides a partir de fragmentos de Walt Whitman e Fernando Pessoa).
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Imagem: Jorge Monteiro

Um comentário:

Anônimo disse...

Colega,

vi que você indica o meu blog aqui no Salvador na Sola do Pé.

Muito obrigado!

Vou adicionar o teu também.

Abraço!

Murilo Gitel