A Bahia é um Estado conhecido, entre outras coisas, por suas belezas naturais e pela tão decantada alegria de sua gente, que em versos de artistas como o Ari Barroso, por exemplo, acabaria recebendo o mítico título de “terra da felicidade”. Mas qual seria a cara dessa gente baiana?
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 79 % da população baiana é formada por mestiços, descendentes, particularmente, dos negros africanos. Basta andarmos pelas ruas da capital, Salvador, para constatarmos empiricamente esse dado.
Trazidos para movimentar a empresa açucareira colonial, os negros que aos milhares aportaram como escravos em terras brasileiras, e, sobretudo, baianas, são comumente identificados como Sudaneses e Bantos. Os primeiros procederam, principalmente, da região costeira do Golfo da Guiné, na África Ocidental. Destes, os grupos que maior influência exerceram na formação étnico-cultural do povo baiano foram os Nagôs ou Iorubas, oriundos da Nigéria, e os Gegês, originários do Daomé, atual República do Benin. Do nordeste africano (Sudão ocidental) vieram os nobres e intelectuais negros mulçumanos, que na Bahia ficaram conhecidos como Malês, principais introdutores da fé islâmica no Brasil. Já os Bantos ou Bantus procederam das regiões onde atualmente se localizam os Estados africanos de Angola, Congo e Moçambique.
A importação de escravos para a Bahia era de grande monta. Por volta de 1718, de acordo com as observações feitas no diário do navegador francês La Barbinais, quando em visita ao Brasil, somente pelo porto de Salvador entravam cerca de 25.000 escravos por ano, que eram distribuídos entre os diversos engenhos de açúcar do recôncavo baiano. Ainda segundo La Barbinais, entre os soteropolitanos, nesse mesmo período, habitavam mais de 15.000 cativos.
Com um contingente tão numeroso de negros africanos nos primórdios de sua formação histórico-social, não é de se estranhar que atualmente a Bahia, e, particularmente, Salvador e a região do recôncavo, possua uma elevada taxa populacional constituída por afrodescendentes, como comprovam os dados do IBGE.
Todavia, embora a população baiana seja predominantemente descendente de africanos, os negros, ainda assim, representam uma minoria social, visto que muitos dos seus direitos sociais e/ou civis lhes são, de alguma forma, negados, seja pelo desrespeito à lei ou pelo simples fato de os próprios negros a desconhecerem, ou pior que isso, aceitarem a violação destes direitos, por conta da sua baixa auto-estima. A explicação mais provável para entendermos as causas desse fenômeno estaria no nosso processo histórico.
Como já foi dito anteriormente, os negros foram trazidos ao Brasil para movimentar a chamada empresa agrícola colonial, isto é, para trabalhar em regime de escravidão nos grandes latifúndios onde a cana-de-açúcar era cultivada. Na condição de escravos, os negros não tinham direitos, apenas deveres e obrigações. Faziam parte de um sistema produtivo que os igualava a uma mera mercadoria, necessária ao bom funcionamento desse sistema, porém, facilmente substituível caso começasse a dar problemas. Com a abolição do regime escravista os negros saíram da qualidade de escravos e foram abandonados à própria sorte, ou seja, foram condenados à exclusão social.
Depois de muito trabalhar para construir o país tanto do ponto de vista econômico quanto do ponto de vista social, histórico e cultural, o Estado brasileiro retribuiu os negros com a exclusão que perdura até os presentes dias. Sabe-se que os negros brasileiros têm menos acesso à educação e menos tempo de estudo que os brancos ou não negros. Por conta disso, no mercado de trabalho ocupam os cargos mais subalternos e, conseqüentemente, acabam recebendo salários menores, fazendo com que os negros sejam também os mais pobres. Não é muito comum, por exemplo, vermos negros ocupando os mais elevados cargos das empresas públicas ou privadas, da indústria, do comércio, das universidades ou das Forças Armadas. Isso é decorrência direta do papel que o negro ocupou e ocupa na sociedade brasileira. Antes o de escravo, agora o de excluído.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 79 % da população baiana é formada por mestiços, descendentes, particularmente, dos negros africanos. Basta andarmos pelas ruas da capital, Salvador, para constatarmos empiricamente esse dado.
Trazidos para movimentar a empresa açucareira colonial, os negros que aos milhares aportaram como escravos em terras brasileiras, e, sobretudo, baianas, são comumente identificados como Sudaneses e Bantos. Os primeiros procederam, principalmente, da região costeira do Golfo da Guiné, na África Ocidental. Destes, os grupos que maior influência exerceram na formação étnico-cultural do povo baiano foram os Nagôs ou Iorubas, oriundos da Nigéria, e os Gegês, originários do Daomé, atual República do Benin. Do nordeste africano (Sudão ocidental) vieram os nobres e intelectuais negros mulçumanos, que na Bahia ficaram conhecidos como Malês, principais introdutores da fé islâmica no Brasil. Já os Bantos ou Bantus procederam das regiões onde atualmente se localizam os Estados africanos de Angola, Congo e Moçambique.
A importação de escravos para a Bahia era de grande monta. Por volta de 1718, de acordo com as observações feitas no diário do navegador francês La Barbinais, quando em visita ao Brasil, somente pelo porto de Salvador entravam cerca de 25.000 escravos por ano, que eram distribuídos entre os diversos engenhos de açúcar do recôncavo baiano. Ainda segundo La Barbinais, entre os soteropolitanos, nesse mesmo período, habitavam mais de 15.000 cativos.
Com um contingente tão numeroso de negros africanos nos primórdios de sua formação histórico-social, não é de se estranhar que atualmente a Bahia, e, particularmente, Salvador e a região do recôncavo, possua uma elevada taxa populacional constituída por afrodescendentes, como comprovam os dados do IBGE.
Todavia, embora a população baiana seja predominantemente descendente de africanos, os negros, ainda assim, representam uma minoria social, visto que muitos dos seus direitos sociais e/ou civis lhes são, de alguma forma, negados, seja pelo desrespeito à lei ou pelo simples fato de os próprios negros a desconhecerem, ou pior que isso, aceitarem a violação destes direitos, por conta da sua baixa auto-estima. A explicação mais provável para entendermos as causas desse fenômeno estaria no nosso processo histórico.
Como já foi dito anteriormente, os negros foram trazidos ao Brasil para movimentar a chamada empresa agrícola colonial, isto é, para trabalhar em regime de escravidão nos grandes latifúndios onde a cana-de-açúcar era cultivada. Na condição de escravos, os negros não tinham direitos, apenas deveres e obrigações. Faziam parte de um sistema produtivo que os igualava a uma mera mercadoria, necessária ao bom funcionamento desse sistema, porém, facilmente substituível caso começasse a dar problemas. Com a abolição do regime escravista os negros saíram da qualidade de escravos e foram abandonados à própria sorte, ou seja, foram condenados à exclusão social.
Depois de muito trabalhar para construir o país tanto do ponto de vista econômico quanto do ponto de vista social, histórico e cultural, o Estado brasileiro retribuiu os negros com a exclusão que perdura até os presentes dias. Sabe-se que os negros brasileiros têm menos acesso à educação e menos tempo de estudo que os brancos ou não negros. Por conta disso, no mercado de trabalho ocupam os cargos mais subalternos e, conseqüentemente, acabam recebendo salários menores, fazendo com que os negros sejam também os mais pobres. Não é muito comum, por exemplo, vermos negros ocupando os mais elevados cargos das empresas públicas ou privadas, da indústria, do comércio, das universidades ou das Forças Armadas. Isso é decorrência direta do papel que o negro ocupou e ocupa na sociedade brasileira. Antes o de escravo, agora o de excluído.
As desigualdades sociais existentes no Brasil foram sendo acumuladas ao longo do processo de nossa formação histórica. Para reverter esse quadro é preciso garantir igualdade de oportunidades a todos os cidadãos brasileiros, sem exceção. E para isso efetivamente ocorrer, faz-se necessário colocar em prática, políticas públicas de ações afirmativas que visem não somente resgatar a dívida social que o Estado brasileiro tem em relação a certos grupos, a exemplo dos negros e índios, mas também coibir o preconceito e a intolerância de que são alvo as mulheres, os portadores de deficiência física e os homossexuais, uma vez que a meta de tais políticas é incluir para reforçar a união nacional. Só assim a Bahia e o Brasil poderão se tornar, de fato, a terra da felicidade (por Sílvio Benevides).
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Imagem: Oxalá-Oxaguiã, foto de Frederico Mendes
Um comentário:
Espero que com a eleição do primeiro presidente negro dos EUA, o Brasil possa aprender a lição. Afinal, os "intelectuais" brasileiros não adoram copiar tudo o que se origina na terra do Tio Sam? Então, que os bons exemplos sejam também copiados e não apenas a cultura excludente e neo-liberal dos capitalistas norte-americanos.
Devemos lembrar também que o critério de fenotipia não é o mais adequado para identificar quem é "branco" ou "negro" no Brasil, já que a miscigenação torna mais difícil a distinção étnica quando baseada apenas nos traços físicos. É preciso tentar entender, principalmente, a cultura.
Abs, Benevides.
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