Para quem ainda duvida que é preciso enquadrar a homofobia como crime no Brasil e para quem acha que a aprovação do PLC 122/2006, que visa criminalizar a homofobia no país, é fruto de oportunismo ou uma mera besteira, sugiro que leia a notícia que foi divulgada pela imprensa sobre os irmãos gêmeos univitelinos que foram espancados (um deles não resistiu aos graves ferimentos) por suspeitosos homofóbicos na cidade de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, após saírem abraçados de uma festa junina e, por isso mesmo, foram confundidos com um casal homossexual por suspeitosos agressores (vide notícia abaixo). Trata-se de mais um caso de homofobia, semelhante àquele que pai e filho foram espancados porque trocavam carinhos após saírem de uma festa de boiadeiro e, também por isso, foram confundidos com um casal de homossexuais. Os questionamentos que ficam são os seguintes: até quando o Congresso Nacional compactuará (por omissão) com crimes de ódio motivados pela homofobia? Até quando assassinos continuarão livres para matar impunemente? Até quando imbecis permanecerão tendo direito de propagar o seu ódio contra homossexuais, travestis e transgêneros e utilizando em vão o santo nome do Senhor para justificarem-se? Até quando a sociedade brasileira continuará mergulhada nas trevas da intolerância? A homofobia não é apenas crime, é, também, uma grave doença que põe em risco toda a sociedade! E doenças dessa natureza devem ser tratadas com educação e leis rigorosas. Conforme escreveu o advogado e professor Enézio de Deus, “o Brasil precisa pagar a sua dívida histórica para com as chamadas ‘minorias sexuais’, em face do sentimento odioso que ainda movimenta tantas mentes preconceituosas: a homo(trans)fobia. Foi tal sentimento, desdobrado em ações brutais, que levou a óbito, esta semana, um dos irmãos gêmeos, no município de Camaçari-BA, pelo fato de os mesmos, ao externarem afeto um pelo outro (abraçarem-se em público), terem sido confundidos como um casal homossexual. Esta é a prova contundente de que, infelizmente, no ‘país do carnaval, das outras tantas festas e da liberação’, as discriminações com base na orientação homoafetiva ou na transgeneridade das pessoas atingem índices alarmantes, a clamarem intervenções sérias e mais educação pelo respeito efetivo à diversidade”. Pois é, está mais do que na hora do Brasil dar um basta a esta situação criminalizando a homofobia, assim como todo e qualquer discurso que incite o ódio contra a população LGBTT (por Silvio Benevides).
Irmãos são agredidos ao andarem abraçados em Camaçari; um morreu – Dois irmãos gêmeos foram agredidos ao andarem abraçados próximo a um evento junino em Camaçari, município na região metropolitana de Salvador, segundo informações da 18ª delegacia da cidade. Um dos rapazes, de apenas 22 anos, não resistiu aos ferimentos e acabou morrendo. O crime ocorreu na madrugada de domingo (24/06).
A delegada responsável pela unidade policial, Maria Tereza Santos Silva, trabalha com a suspeita de homofobia. Ela conta que oito pessoas participaram das agressões aos rapazes, que foram socorridos pelo Samu para o Hospital Geral de Camaçari (HGC). “Assim que soubemos do ocorrido iniciamos as investigações. Cinco jovens estão custodiados aqui na delegacia, todos já foram ouvidos, mas eles não apresentam justificativa para as agressões, além de não possuírem passagem anterior pela polícia. Trabalho com a suspeita de homofobia”, indica a delegada.
O sobrevivente da agressão sofreu fraturas no rosto e já teve alta médica. De acordo com informações de familiares, ele seguiu para Pernambuco na tarde de segunda-feira (25/06), onde foi realizado o enterro do irmão morto. A família ainda não retornou para Camaçari.
“Meu irmão era tudo pra mim” – Emocionado e ainda se recuperando dos ferimentos sofridos, o jovem José Leandro da Silva, de 22 anos, descreve nesta quarta-feira (27/06) o momento em que soube da morte do irmão gêmeo, três dias após uma série de agressões que os dois passaram em Camaçari, município na região metropolitana de Salvador. “Senti meu coração parar, senti que tinha perdido algo. Minha irmã disse que eu tinha que ser forte. Eu pensava que meu irmão estava vivo, foi uma dor muito grande, meu irmão era tudo para mim, companheiro, amigo... Nossa ligação era muito forte”, diz.
Os gêmeos foram agredidos ao andarem abraçados próximos a um evento junino na madrugada de domingo (24/06). A delegada Maria Tereza Santos Silva, que está à frente das investigações, diz que trabalha com a suspeita de homofobia. Leandro também acha que não há outra justificativa para as agressões, mas não compreende porque foram confundidos com um casal homossexual. “Acho que foi homofobia, achavam que a gente era gay, mas não entendo, éramos gêmeos idênticos, era evidente que éramos irmãos. Eu apenas coloquei a mão em cima do ombro dele! Sempre fomos do bem, honestos, nunca nos envolvemos com nada errado, drogas... Até mesmo na festa, não teve nenhuma confusão, não mexemos com a mulher de ninguém”, observa Leandro. Leonardo era casado e deixa a esposa grávida de quatro meses. Já Leandro está solteiro e tem uma filha de quatro meses.
Além de perder o irmão, Leandro teve o maxilar quebrado em três lugares, quase teve o olho esquerdo perfurado e ainda terá que ser submetido a uma cirurgia. “Meu rosto está bem ferido, roxo. Sinto muita dor na cabeça e nas costas. Não consigo entender, estávamos saindo da festa, indo para casa, quando fomos surpreendidos. A gente nem viu de onde eles vieram, já chegaram batendo, chamando a gente de mulherzinha. Tentamos correr, mas eles tinham punhal, faca, pedra...”, lembra Leandro. Segundo a delegada da 18ª Delegacia de Camaçari, oito homens participaram das agressões e cinco deles estão detidos na unidade policial (Fonte: G1 Bahia).
Imagem: Deco Cury e Rick Day