quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A era Obama

No último dia 10/09/2009 o cientista político e historiador baiano, especialista em política exterior e relações internacionais, Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira, proferiu palestra na Escola de Administração da UFBA, evento promovido pelo Laboratório de Análise Política Mundial (LABMUNDO), sobre “A Política Externa dos EUA no Governo Obama”.

Para Moniz Bandeira o governo estadunidense não possui uma única política externa, mas, sim, diversas políticas externas, porque os EUA são um país heterogêneo e pluralista. Estas políticas na maioria das vezes coincidem. Entretanto, há momentos em que elas se contrapõem, como ocorreu, por exemplo, no período posterior à Revolução Cubana de 1959. Nessa época, o Departamento de Estado dos EUA tinha como diretriz não reconhecer governos formados a partir de processos revolucionários ou de golpes de estado. Essa, porém, não era a diretriz da Central Intelligenge Agency (CIA) e do Pentágono, que, temendo o avanço da ideologia socialista na América Latina, estimularam diversos golpes de estado no continente e o reconhecimento imediato dos governos resultantes dessas ações. No atual contexto não é diferente. Contudo, as demandas de hoje exigem que o presidente Obama elabore uma agenda política, principalmente no que diz respeito à política externa, menos bélica e mais diplomática, pois o que caracteriza o imperialismo contemporâneo não é mais a exportação de capital. “A situação dos EUA é muito precária. A própria eleição do Obama já indica um declínio do império americano representado pela elite branca de olhos azuis. Por isso Obama precisa perpetrar mudanças”, enfatizou Bandeira. Ele lembrou que um dos principais indicadores dessa decadência imperialista estadunidense é o déficit orçamentário do país, que gira em torno de US$ 7 trilhões. “O século XXI não será o século americano. A tendência é a multipolaridade”, ressaltou.

Em relação às políticas voltadas para a América Latina, as mudanças também se fazem necessárias. De acordo com Bandeira, o golpe de estado em Honduras foi deflagrado para desafiar Obama, que, da mesma maneira, não está conseguindo implementar no continente latino toda a sua agenda política, devido, também, à pluralidade social dos EUA. Mas, afinal, qual é mesmo a agenda política do governo Obama? Essa questão nem o Moniz Bandeira soube responder. Mais uma evidência do declínio do todo-poderoso EUA? “O mundo está em constante transformação e é difícil prever os rumos dessa transformação”, ponderou.

No que tange a América do Sul, Moniz Bandeira não acredita que haja intenção por parte do governo estadunidense em promover ações armadas na região que ofereçam riscos à segurança continental, apesar de firmar acordos com o governo da Colômbia para instalar bases militares nesse país. Segundo ele, tais bases são uma tentativa de impedir que o Brasil se consolide como uma forte liderança no continente sul americano e, por conseguinte, em toda a América Latina. Por essa razão ele defende a compra pelo governo brasileiro de equipamentos bélicos para as Forças Armadas nacionais. “O cenário internacional é um cenário muito selvagem. Uma política só é respeitada ou considerada se quem a propõe tiver poder de fogo”, concluiu (por Sílvio Benevides).
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Imagem: Luis Leal Filho

Um comentário:

Alexandre disse...

Seu blog é ÓTIMOOOOO !!!