Saída
da greve, sim, mas não da luta. Essa foi a decisão tomada pelos docentes da
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) em assembleia dessa
quinta-feira (13). Os professores decidiram voltar às atividades acadêmicas na
próxima segunda-feira (17), com indicativo de retorno às aulas no dia 24 de
setembro, já que essa é uma etapa que necessita da discussão prévia do
calendário. Os docentes apresentarão uma proposta de calendário ao Conselho
Acadêmico (CONAC) e à reitoria.
Além
da saída da greve, os docentes, em unanimidade, apontaram que o PROIFES não os
representa porque à revelia da base e dos demais sindicatos, foi o único a
assinar o acordo proposto pelo governo no dia 01 de agosto. Acordo este que, entre outros pontos, não
leva em consideração questões como a carreira e a melhoria das condições do
trabalho docente.
O
presidente da Associação dos Professores Universitários do Recôncavo (APUR),
Herbert Toledo, confirmou ser esse o momento oportuno para a saída da greve, no
entanto enfatizou que isso não significa fim da luta docente: “Precisamos
continuar avançando aqui dentro da UFRB, no sentido de mobilizar os professores
e continuar lutando pelas melhorias nas condições de trabalho. Nós vamos
continuar lutando, pressionando o governo, mostrando as contradições em relação
ao discurso e a prática que ele tem no que se refere à educação”, afirmou o
presidente.
Para
Herbert, a greve foi extremamente positiva não só no âmbito nacional, pois
consegui alcançar mais de 90% das universidades e institutos federais, mas
especialmente para UFRB: “Por intermédio de todas as manifestações e
mobilizações que nós fizemos, consolidamos a coisa mais importante para essa
universidade, que até então não tínhamos, que é o sentimento de pertencimento,
nós criamos, a partir desse movimento, o orgulho de sermos professores da
UFRB”, enfatizou o professor.
O
professor do Centro de Formação de Professores (CFP), Luiz Paulo Oliveira,
também salientou a unidade entre os docentes como sendo um dos grandes ganhos da
greve: “Os docentes se reconheceram como professores e como trabalhadores para
além de serem professores de determinado Centro. Nós começamos, de fato, a
construir uma identidade e, de certa forma, reconhecermos que a nossa luta está
para além da greve, ela é, na verdade, um dos instrumentos de luta das nossas
reivindicações”, pontuou Luiz Paulo.
Luiz
Paulo ainda colocou que a greve, a mais longa de toda a história do movimento
docente, conseguiu mostrar a capacidade de luta dos professores das universidades
federais, bem como a fragilidade do governo federal: “Esse movimento mostrou a
capacidade docente de se organizar nas bases para pautar politicamente as suas
reivindicações e, ao mesmo tempo, apresenta uma conjuntura na qual o governo se
mostra sem habilidades políticas para dar conta das discussões”, disse o
professor.
Ambos
os professores chamaram a atenção para o fato de a greve ter conseguido dar
visibilidade às péssimas condições de trabalho, principalmente nas
universidades recém criadas, como é o caso da UFRB. Para Luiz Paulo, a
mobilização mostrou que ainda há muitas demandas nesse processo de expansão das
universidades federias: “Mesmo em face à precarização do trabalho, às péssimas
condições de trabalho e os desafios que nós temos, e os que estão postos nesse
processo de expansão das universidades, a greve mostrou que é possível os
trabalhadores e os professores darem resposta coletiva a esse processo”,
ressaltou o docente (Fonte: APUR).
Imagem: APUR
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