segunda-feira, 2 de julho de 2012

Caboclos: os símbolos da independência

Os festejos do Dois de Julho têm como principais símbolos o Caboclo e a Cabocla. Conforme nos diz a historiadora Wlamyra Albuquerque em seu trabalho “Algazarra nas ruas”, trata-se de “esculturas de indígenas que, até hoje, saem às ruas para fazer parte do cortejo cívico celebrativo da Independência da Bahia”. O Caboclo foi popularmente eleito como símbolo de um povo mestiço que lutou por sua independência. O negro não podia ser o representante do povo brasileiro, porque, além de escravo, à época, negros e mulatos eram vistos como gente inferior. Tampouco podia ser o branco, já que brancos eram os portugueses, os inimigos de então. Sendo assim, restou o caboclo, mestiço de branco com índio, o legítimo habitante da terra, pois já se encontrava aqui muito antes do colonizador chegar. Mais tarde, surgiu a Cabocla, símbolo da docilidade atribuída à mulher-mãe brasileira, como um contraponto à figura do Caboclo guerreiro e vencedor. De acordo com Wlamyra Albuquerque (op.cit.) “a figura do Caboclo passou a fazer parte destas comemorações em 1826: depois da vitória sobre os portugueses na batalha de Pirajá, os baianos lhes tomaram uma carreta – transformando-a em troféu – a qual enfeitaram com folhas de café, cana, fumo, simbolizando os frutos da terra. Sobre ela colocaram um descendente indígena. Posteriormente este foi substituído pela escultura de um índio, simbolizando a raça brasileira. Um novo carro foi encomendado em 1840 para transportar a figura da Cabocla, uma representação de Catarina Paraguassu, a índia que teria se casado com o lendário Caramuru selando, assim, a aliança entre portugueses e nativos” (por Silvio Benevides).

Imagem: Silvio Benevides

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