Manhã de inverno mineiro em plena primavera baiana. Assim teve início o domingo que encerrou os embalos profanos da Festa D’Ajuda, em Cachoeira, Recôncavo da Bahia. Trata-se de uma festa única, bem ao estilo de um povo que sabe misturar com maestria chuva, suor, cerveja, sensualidade, devoção e simpatia sem adicionar a esta mistura nenhuma pitada de dramas psicanalíticos.
O domingo de embalo foi precedido por uma noitada agitada pelo mais autêntico e contagiante samba de roda do Recôncavo baiano. Samba que faz o sangue borbulhar e o corpo remexer mesmo que estejamos na roda não para quebrar, mas, sim, tão somente para apreciar. Samba que ensina a viver quando nos diz em alto e bom som: “eu hei de morrer cantando porque chorando eu nasci”. E foi assim até alta madrugada.
Por volta das cinco da manhã, com o dia ainda escuro por conta do horário de verão e da forte cerração que a tudo encobria, o samba de roda cedeu lugar ao animado embalo. O que se viu, então, foram as ruas da cidade serem tomadas por uma multidão de homens, mulheres, negros, brancos, pardos, velhos, jovens, crianças, turistas, rastas, jornalistas, professores, maconheiros, gays, lésbicas, sem-terra, sem-teto, feministas a ostentarem seus slogans de protesto, barbies desinibidas e outras tantas enrustidas, piriguetes assumidas, travestis e travestidos a desfilar suas fantasias de índios, pierrots apaixonados, joaninhas, hippies safados, árabes, bruxas, enfermeiras, melindrosas bem formosas, cangaceiras bem ruidosas, bebês fanfarrões, diabos valentões, caretas, chocolates Biss ambulantes, super-heróis flamejantes, Fred Flintstone sem a Vilma, vampiros, operários do DNIT, noivas e noivos em delírio, padres e afrodites. Até mesmo o casal Sherk e Fiona, assim como, os irmãos Super Mário e Luigi apareceram na festa, acompanhados da Amy Winehouse ressuscitada. Do mesmo modo compareceram os Filhos de Gandhy ao lado de nobres oriundos do carnaval de Veneza. É claro que não faltaram as personagens principais dessa onírica festa, os famosos e divertidos MUNDUS, sempre seguidos pelos elegantes CABEÇORRAS.
Toda a festa um ritual de prazeroso delírio, que seguia ao som da charanga rua acima, rua abaixo da histórica Cachoeira, a dissipar a cerração com o intenso calor de uma alegria esfuziante. Só me resta dizer, então, viva à Bahia! Viva ao Recôncavo da Bahia! E viva, especialmente, à comunidade de Cachoeira, que sabe como poucos se conectar ao mundo sem abrir mão de suas raízes, sua história, sua identidade! Oxalá isso não se perca em nome das drogas inúteis trazidas por uma modernidade cada vez mais vazia e insossa (por Silvio Benevides).
NOTA: A festa de Nossa Senhora D’Ajuda acontece na cidade de Cachoeira, Recôncavo baiano. Trata-se de uma tradição secular trazida pelos católicos portugueses. Os festejos misturam o sagrado e o profano, que dialogam de forma única nessa grande manifestação popular. O auge da festa acontece no Terno da Alvorada, quando cabeçorras, mandus (imagem ao lado) e mascarados se juntam aos foliões para brincar e folgar ao som de charangas integradas por músicos cachoeiranos desde as primeiras horas da manhã até o início da tarde. Ao anoitecer os católicos saem em procissão com a imagem de Nossa Senhora D’Ajuda. As primeiras manifestações dessa festa das quais se tem registro datam do século XIX. A festa tem um grande destaque na região por resgatar a cultura e a identidade local.
Imagens: Enéas Guerra (cartaz), Silvio Benevides e Fátima Pitombo (Mandus).
O domingo de embalo foi precedido por uma noitada agitada pelo mais autêntico e contagiante samba de roda do Recôncavo baiano. Samba que faz o sangue borbulhar e o corpo remexer mesmo que estejamos na roda não para quebrar, mas, sim, tão somente para apreciar. Samba que ensina a viver quando nos diz em alto e bom som: “eu hei de morrer cantando porque chorando eu nasci”. E foi assim até alta madrugada.
Por volta das cinco da manhã, com o dia ainda escuro por conta do horário de verão e da forte cerração que a tudo encobria, o samba de roda cedeu lugar ao animado embalo. O que se viu, então, foram as ruas da cidade serem tomadas por uma multidão de homens, mulheres, negros, brancos, pardos, velhos, jovens, crianças, turistas, rastas, jornalistas, professores, maconheiros, gays, lésbicas, sem-terra, sem-teto, feministas a ostentarem seus slogans de protesto, barbies desinibidas e outras tantas enrustidas, piriguetes assumidas, travestis e travestidos a desfilar suas fantasias de índios, pierrots apaixonados, joaninhas, hippies safados, árabes, bruxas, enfermeiras, melindrosas bem formosas, cangaceiras bem ruidosas, bebês fanfarrões, diabos valentões, caretas, chocolates Biss ambulantes, super-heróis flamejantes, Fred Flintstone sem a Vilma, vampiros, operários do DNIT, noivas e noivos em delírio, padres e afrodites. Até mesmo o casal Sherk e Fiona, assim como, os irmãos Super Mário e Luigi apareceram na festa, acompanhados da Amy Winehouse ressuscitada. Do mesmo modo compareceram os Filhos de Gandhy ao lado de nobres oriundos do carnaval de Veneza. É claro que não faltaram as personagens principais dessa onírica festa, os famosos e divertidos MUNDUS, sempre seguidos pelos elegantes CABEÇORRAS.
Toda a festa um ritual de prazeroso delírio, que seguia ao som da charanga rua acima, rua abaixo da histórica Cachoeira, a dissipar a cerração com o intenso calor de uma alegria esfuziante. Só me resta dizer, então, viva à Bahia! Viva ao Recôncavo da Bahia! E viva, especialmente, à comunidade de Cachoeira, que sabe como poucos se conectar ao mundo sem abrir mão de suas raízes, sua história, sua identidade! Oxalá isso não se perca em nome das drogas inúteis trazidas por uma modernidade cada vez mais vazia e insossa (por Silvio Benevides).
NOTA: A festa de Nossa Senhora D’Ajuda acontece na cidade de Cachoeira, Recôncavo baiano. Trata-se de uma tradição secular trazida pelos católicos portugueses. Os festejos misturam o sagrado e o profano, que dialogam de forma única nessa grande manifestação popular. O auge da festa acontece no Terno da Alvorada, quando cabeçorras, mandus (imagem ao lado) e mascarados se juntam aos foliões para brincar e folgar ao som de charangas integradas por músicos cachoeiranos desde as primeiras horas da manhã até o início da tarde. Ao anoitecer os católicos saem em procissão com a imagem de Nossa Senhora D’Ajuda. As primeiras manifestações dessa festa das quais se tem registro datam do século XIX. A festa tem um grande destaque na região por resgatar a cultura e a identidade local.
Imagens: Enéas Guerra (cartaz), Silvio Benevides e Fátima Pitombo (Mandus).
2 comentários:
Silvio, meu amigo, fico feliz que sua nova cidade tenha proporcionado todo esse prazer cultural.
Uma pena que não foi possível conhecer a festa pessoalmente dessa vez. Mas ajudei na divulgação fazendo minha participação distante rsrsrs.
Quem sabe no próximo ano participo usando uma fantasia autêntica para agitar esse Samba de Roda do Recôncavo. Já estou pensando que para ser bem original devo ir vestida de Dona Edith dos Pratos...
Amigo, desejo que Cachoeira assim como é reconhecida e respeitada por você faça o mesmo a esse novo filho que acabou chegar e já entrou no samba de roda.Afinal você também vai morrer cantando já que chorando você nasceu, não é mesmo?
Adorei seu Post! Que vc continue nos informando e fazendo esse link: Salvador-Cachoeira-Bahia-Brasil-Mundo.
Bjs da sua amada borboletinha!!
Muito obrigado, amada-amiga borboletinha!!!
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