segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Brasil amado

O Brasil, oficialmente nomeado República Federativa do Brasil, é uma nação formada pela união de 26 estados federados e pelo Distrito Federal. O país conta com mais de 5 mil municípios, cerca de 190 milhões de habitantes e uma área superior a 8 milhões de quilômetros quadrados, equivalente a 47% do território de toda a América do Sul. Em comparação com outros países, o Brasil dispõe do quinto maior contingente populacional e da quinta maior área territorial do planeta. Sua economia é a nona maior do mundo e a maior da América Latina. Há quem diga que por conta desses dados o Brasil tem hoje forte influência internacional, tanto em âmbito regional quanto global. O País possui cerca de 20% da biodiversidade mundial, sendo exemplo desta riqueza a Floresta Amazônica, com 3,6 milhões de quilômetros quadrados. Números impressionantes que despertam a cobiça de alguns e a outros estarrecem. Como pode um país como esse, detentor de tantas potencialidades, permitir que a miséria ainda faça parte do cotidiano de boa parte da sua população? No Brasil os números sempre impressionam, seja para mais ou para menos. Mas não é desse Brasil que desejo falar. Ao menos não nesse momento. Quero falar de um Brasil que me percorre por dentro, tornando fértil o chão que me sustenta. Brasil que eu amo, não porque seja minha pátria, como escreveu o Mário de Andrade, abaixo reproduzido, afinal “pátria é acaso de migrações e do pão-nosso onde Deus der”. Brasil que eu amo, pois como escreveu um outro poeta genuinamente brasileiro, o João Cabral de Melo Neto, desse chão sou bem conhecido através de parentes e amigos dos mais próximos aos mais longínquos. Porque a partir desse chão erigi-me feito uma palmeira que só enxerga o céu onde há mais estrelas. Esse chão que me espera de recém-nascido bebeu meu suor vendido e aquele vertido no “balanço das minhas cantigas, amores e danças”. É o Brasil dos becos, do pandeiro, das violas, minhas violas, do samba-de-roda, do samba-enredo, da capoeira de Angola, do maculelê, do sarapatel, do dendê, da caipora, do caruru, do curupira, do vatapá, da iara bonita, do boto cor-de-rosa, da Yemanjá, do cuzcuz com leite e ovos no café da manhã, do cantarolar das araras, do balanço das ondas, do barulho incessante das ruas, do aimpim com carne do sol, da lua cheia nas folias de reis, das fogeuiras e traques do São João, dos coqueiros de Itapuã, dos trios elétricos, da água de côco na Praia do Flamengo, da sorveteria da Ribeira, da doce batida do coração materno. É esse o Brasil que sou. É esse o Brasil que quero (por Sílvio Benevides).
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Baseado em trecho do texto de Mário de Andrade (reproduzido adiante), produzi o clipe abaixo, intitulado BRASILEIRINHO, para declarar meu amor pelo Brasil que sou.
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O POETA COME AMENDOIM
(Mário de Andrade)
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Noites pesadas de cheiros e calores amontoados...
Foi o sol que por todo o sítio do Brasil
Andou marcando de moreno os brasileiros.
Estou pensando nos tempos de antes de eu nascer...
A noite era pra descansar. As gargalhadas brancas dos mulatos...
Silêncio! O imperador medita os seus versinhos.
Os Caramurus conspiram à sombra das mangueiras ovais.
Só o murmurejo dos cre'm-deus-padre irmanava os homens de meu país...
Duma feita os canhamboras perceberam que não tinha mais escravos,
Por causa disso muita virgem-do-rosário se perdeu...
Porém o desastre verdadeiro foi embonecar esta República temporã.
A gente inda não sabia se governar...
Progredir, progredimos um tiquinho
Que o progresso também é uma fatalidade...
Será o que Nosso Senhor quiser!...
Estou com desejos de desastres...
Com desejo do Amazonas e dos ventos muriçocas
Se encostando na canjerana dos batentes...
Tenho desejos de violas e solidões sem sentido...
Tenho desejos de gemer e de morrer...
Brasil...
Mastigando na gostosura quente do amendoim...
Falado numa língua curumim
De palavras incertas num remelexo melado melancólico...
Saem lentas frescas trituradas pelos meus dentes bons...
Molham meus beiços que dão beijos alastrados
E depois semitoam sem malícia as rezas bem nascidas...
Brasil amado não porque sejam minha pátria,
Pátria é acaso de migrações e do pão-nosso onde Deus der...
Brasil que eu amo porque é o ritmo no meu braço aventuroso,
O gosto dos meus descansos,
O balanço das minhas cantigas amores e danças.
Brasil que eu sou porque é a minha expressão muito engraçada,
Porque é o meu sentimento pachorrento,Porque é o meu jeito de ganhar dinheiro, de comer e de dormir.
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Imagem: Papagaio, foto de Danilo Chequito

3 comentários:

Papillon disse...

Ei, adorei e gostaria de colocar no meu blog.Posso?
Também adoro ser brasileira com todas as dificuldades que passamos conseguimoa rir com a vida!!!
Terra amada Salve! Salve!!

SB-SSA disse...

Hallo, my friend Nishant! We are find many things in common between India and Brasil.It's great!!! I think i'll make a short video about it. What do you think?

Anônimo disse...

Parabéns pelo blog. Muitooooo bom!!