No último dia 25 de novembro, comemorou-se o dia internacional do samba de roda. Mais que uma manifestação cultural baiana, o samba de roda é uma expressão musical, coreográfica, poética e festiva das mais importantes e significantes da cultura brasileira. Presente em todo Estado da Bahia, ele é especialmente forte, e em todo caso melhor conhecido, na região do Recôncavo, a faixa de terra que se estende atrás da Baía de Todos os Santos. Seus primeiros registros, já com o nome e com muitas das características que ainda hoje o identificam, datam dos anos 1860.
Desde estes registros já se testemunhavam a ligação do samba de roda às tradições culturais transmitidas por africanos escravizados e seus descendentes. Tais tradições incluem, entre outros, o culto aos orixás e caboclos, o jogo de capoeira e a chamada “comida de azeite”. A herança negro-africana no samba de roda se mesclou de maneira singular a traços culturais trazidos pelos portugueses, como instrumentos musicais (viola e pandeiro, principalmente) e a própria língua portuguesa com elementos de suas formas poéticas. Esta mescla, assim como outras mais recentes, não exclui o fato de que o samba de roda continua a ser um patrimônio definido, sobretudo, por afro-descendentes, que se reconhecem como tais.
O samba de roda pode ser realizado em associação com o calendário festivo, caso, entre outros, dos sambas de roda de São Cosme e Damião (setembro), do samba da Boa Morte em Cachoeira (agosto) e de sambas em “toques” para caboclos em terreiros de candomblé. Mas pode, também, ser realizado a qualquer momento como uma diversão coletiva pelo prazer de sambar. Possui inúmeras variantes que podem, grosso modo, ser divididas em dois tipos principais: O “samba chula” (mais típico na região de Santo Amaro e, cujo similar, na região de Cachoeira chama-se de “barra-vento”) e o “samba corrido”. No primeiro ninguém samba enquanto os cantores principais estão “tirando” ou “gritando” a “chula”, nome dado a parte poética desse tipo de samba. A chula é seguida pelo “relativo”, resposta coral cantada, sobretudo, pelas mulheres. Quando termina a parte cantada, samba só uma pessoa de cada vez no meio da roda e apenas ao som dos instrumentos e das palmas, com destaque para o ponteado feito na viola. A viola típica da região de Santo Amaro é chamada de “machete” (substantivo masculino, pronuncia-se com o “e”do meio fechado “machête”) e tem dimensões reduzidas, sendo um pouco maior que o cavaquinho. Na coreografia o gesto mais típico é o chamado “miudinho”. Executado, sobretudo, da cintura para baixo, consiste num quase imperceptível deslizar para frente e para trás dos pés colados ao chão com movimentação correspondente dos quadris. No samba corrido o canto é mais tipicamente responsorial, alternando-se rapidamente entre um ou dois solistas e a “resposta” coral dos participantes. A dança acontece ao mesmo tempo em que o canto e várias pessoas podem sambar de cada vez.
Em 25 de novembro de 2005 o samba de roda do Recôncavo Baiano foi incluído pela UNESCO na terceira declaração das obras-primas do patrimônio oral e imaterial do Brasil (compilação realizada por Wilson de Jesus Souza).
Desde estes registros já se testemunhavam a ligação do samba de roda às tradições culturais transmitidas por africanos escravizados e seus descendentes. Tais tradições incluem, entre outros, o culto aos orixás e caboclos, o jogo de capoeira e a chamada “comida de azeite”. A herança negro-africana no samba de roda se mesclou de maneira singular a traços culturais trazidos pelos portugueses, como instrumentos musicais (viola e pandeiro, principalmente) e a própria língua portuguesa com elementos de suas formas poéticas. Esta mescla, assim como outras mais recentes, não exclui o fato de que o samba de roda continua a ser um patrimônio definido, sobretudo, por afro-descendentes, que se reconhecem como tais.
O samba de roda pode ser realizado em associação com o calendário festivo, caso, entre outros, dos sambas de roda de São Cosme e Damião (setembro), do samba da Boa Morte em Cachoeira (agosto) e de sambas em “toques” para caboclos em terreiros de candomblé. Mas pode, também, ser realizado a qualquer momento como uma diversão coletiva pelo prazer de sambar. Possui inúmeras variantes que podem, grosso modo, ser divididas em dois tipos principais: O “samba chula” (mais típico na região de Santo Amaro e, cujo similar, na região de Cachoeira chama-se de “barra-vento”) e o “samba corrido”. No primeiro ninguém samba enquanto os cantores principais estão “tirando” ou “gritando” a “chula”, nome dado a parte poética desse tipo de samba. A chula é seguida pelo “relativo”, resposta coral cantada, sobretudo, pelas mulheres. Quando termina a parte cantada, samba só uma pessoa de cada vez no meio da roda e apenas ao som dos instrumentos e das palmas, com destaque para o ponteado feito na viola. A viola típica da região de Santo Amaro é chamada de “machete” (substantivo masculino, pronuncia-se com o “e”do meio fechado “machête”) e tem dimensões reduzidas, sendo um pouco maior que o cavaquinho. Na coreografia o gesto mais típico é o chamado “miudinho”. Executado, sobretudo, da cintura para baixo, consiste num quase imperceptível deslizar para frente e para trás dos pés colados ao chão com movimentação correspondente dos quadris. No samba corrido o canto é mais tipicamente responsorial, alternando-se rapidamente entre um ou dois solistas e a “resposta” coral dos participantes. A dança acontece ao mesmo tempo em que o canto e várias pessoas podem sambar de cada vez.
Em 25 de novembro de 2005 o samba de roda do Recôncavo Baiano foi incluído pela UNESCO na terceira declaração das obras-primas do patrimônio oral e imaterial do Brasil (compilação realizada por Wilson de Jesus Souza).
Imagem: Selo postal comemorativo com ilustração realizada por Anderson Moreira Lima